sexta-feira, 8 de março de 2013 | By: Vânia Santana

Foro de São Paulo - A aliança anti-democracia



Como já observou Sertillanges, “a vida moral é uma arquitetura cujos materiais são os acontecimentos cotidianos. Com os mesmos materiais, pode-se construir uma choça, uma taverna ou um templo”.
Li de Diógenes, um filosofo grego, a seguinte sentença: “Em todas as coisas, considera o fim”.

Quando aplicamos isto na política, pode-se observar que é o passado e a soma das atitudes ao longo de uma carreira construída,  que nos dá a base para o julgamento dos resultados, a qual finalidade se encaminhou. Temos vários exemplos na história, de líderes políticos, carismáticos ou não, que tomaram várias atitudes durante toda sua vida, visando chegar ao seu objetivo. Alguns progrediram até uma altura incomensurável, outros regrediram até uma baixeza inominável.

Mas por que comecei este texto, falando sobre isso? Porque hoje quero apresentar para vocês, uma compilação (é longa, mas esclarecedora) que fiz em pesquisa para entender os objetivos dos chamados governos populistas e socialistas de esquerda. Claro que os personagens deste texto serão Chávez, Fidel, Lula e Dilma, principais e atuais precursores e adeptos defensores do socialismo na América Latina.

É importante, primeiramente, que saibam: existe um encontro de representantes de partidos políticos e de organizações não governamentais de esquerda da América Latina e Caribe. Este encontro chama-se Foro de São Paulo. O Forum foi criado em 1990 pelo Partido dos Trabalhadores, em São Paulo, onde a reunião se realizou pela primeira vez. Desde então, o FSP tem acontecido a cada um ou dois anos, em diferentes cidades dos países participantes. São eles: Argentina, Barbados, Belize, Bolívia, Brasil, Cuba, Dominica, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Nicarágua, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Em vermelho na imagem abaixo:



A ideia do Foro de São Paulo surgiu em julho de 1990, durante uma visita feita por Fidel Castro a Lula, ex-presidente do Brasil em São Bernardo do Campo. Foi formalizada quando 48 organizações, partidos e frentes de esquerda da América Latina e do Caribe, atendendo a convite do Partido dos Trabalhadores, reuniram-se na cidade de São Paulo visando debater a nova conjuntura internacional pós-queda do Muro de Berlim (1989). Com objetivo também de elaborar estratégias para fazer face ao embargo dos Estados Unidos a Cuba e unir as forças de esquerda latino-americanas no debate das consequências da adoção de políticas supostamente neoliberais pela maioria dos governos latino-americanos da época.
Fazem parte do Foro de São Paulo, além de organizações, como as FARC, os Partidos Comunistas e Socialistas de todos os países citados, e no Brasil, o PT, o PCdoB, o PDT, o PSB, e o PCB.

A imprensa brasileira, se cala sobre a existência do Foro. Mas enquanto não censuram a internet de vez, veja o vídeo:



E para os críticos da revista Veja, que dirão que o vídeo acima é montagem da revista golpista, podem ver este:





Uma vez, Boris Casoy, em entrevista a Lula, perguntou a ele: “Fala-se sobre uma aliança, um eixo, sobre Chávez, Fidel e Lula. É verdade isso?” Lula negou, (claro, e falou que era piada) e o ‘aconselhou’ a não repetir isso no vídeo. Boris Casoy foi demitido da Record, logo em seguida. Veja isso, e mais:





Agora, o mais assustador, e que talvez o mais esclarecedor, de tudo que encontrei, (no blog Nota Latina) foi esta ‘suposta’ carta, de Fidel a Chávez, que a transcrevo abaixo com tradução de G.Salgueiro, e que foi lida em um programa de rádio de Caracas, ouça clicando aqui: RCTV.

Na carta, Fidel ensina a Chávez como conduzir o processo revolucionário, em 3 etapas:

Primeira Etapa
“Os pobres são maioria e têm pouca memória. Injeta-lhes esperança e acusa o passado, à Democracia de todos os seus males. Mantém-te em linha permanente com teu povo. Identifica-te com eles. Teu verbo tem de ser simples; isso lhes chega muito bem, pois tens o tempero que faz falta. Emociona-os, leva-os em consideração. Aprende a manipular a ignorância. O verbo deve ser inflamado, de autoridade e poder; não te preocupes com os ricos e a classe média, [pois] não são mais que 80% de pobres o que tu necessitas. Os ricos saem correndo se lhes fazes "Buu!!!"
Os católicos adoram menções da Bíblia ou de Cristo. Os católicos, em que pese ser a grande maioria na Venezuela, não fazem nada. Rezar, sem ações, não vão chegar a parte alguma; são uns bobalhões. Enquanto a igreja está adormecida, aproveita. Quando decidirem mover-se, já estarás instalado. Lembra que a igreja é “escorregadia”. Segue fustigando. Os católicos sem liderança não são ninguém. Nenhum padreco vai reagir. Há dois ou três que querem rebelar-se, porém seus superiores os encurralam. Se vês um sacerdote católico alvoroçado, compra-o, chama-o, ganha-o para ti; se o povo cristão se te rebela, esse será teu último dia... porém, dificilmente esse dia virá. Os judeus na Venezuela não contam, os Evangélicos são uns pobres coitados e as demais religiões para que nomeá-las? Cita o Cristo, sempre, fala em seu nome, lembra que isto a mim me deu excelentes resultados.
Inclui bandeiras e Simón Bolívar quando possas. Gera um novo nacionalismo. Desperta o ódio, divide os venezuelanos. Esta etapa te dará bons dividendos... Se eliminarão uns aos outros, a violência te ajudará também a instalar-te mais tarde à força. Entretanto, fale-lhes de Democracia. Tens dinheiro, compra a fidelidade enquanto cumpres os teus objetivos. Quando consegues o que queres se se opõem ou te aconselham, despreza-os. Envia-os a embaixadas, dá-lhes dinheiro para que se calem ou tira-os do país para que a imprensa não os utilize. Os que se oponham “planta-lhes” delitos; isso desqualifica para sempre. Por todos os meios mantém maioria na Assembléia. Mantém a teu lado no mínimo a Procuradoria e o Tribunal. Compre todos os militares com comando de tropa e equipamentos. Põe-os onde há bastante dinheiro. Compra banqueiros. Grandes comerciantes e construtores. Dá-lhes contratos, trabalhos e facilidades para esta primeira etapa.
Segunda Etapa
Para a segunda etapa tens que haver formado Comitês de Defesa sa Revolução que os podes chamar de “Bolivarianos”. Faz trabalho comunitário com eles para que te defendam agradecidos. Paga-lhes para que sigam teus alinhamentos (marchas, concentrações). Dos comitês seleciona os mais agressivos para uma força de choque armada que podem necessitar se a coisa se põe difícil. Controla a Polícia, destrói-a. Ponha-na à tua disposição. Na segunda etapa tens que aprofundar a visão da Revolução. Deve-se mencionar muito a palavra revolução. Isto emociona os pobres.
Aqui tens que fraturar as uniões de trabalhadores e de empresários que podem fazer oposição. Aqui temos que conseguir com que os trabalhadores estejam filiados a uma central paralela. Com dinheiro se consegue. Do mesmo modo, tens que armar uma central de empresários paralela. Ataca os empresários. Acusa-os de famintos, fascistas e particularmente acusa-os de golpistas; faz-te de fraco.
A mente dos homens se situa no mais fraco e na injustiça. Se não o podes comprá-los, fecha os meios de comunicação radial, impressos e televisoras. Tua empresa de petróleo é quem te produz o dinheiro do projeto. Põe uma Junta Diretora Revolucionária. Demite os técnicos e acaba com essa chamada meritocracia.
Terceira Etapa
Se tens tudo nesta etapa podes seguir para a terceira. Na terceira etapa podes violar a Constituição porque ninguém vai te impedir. Ordena invasões. Distribui armas, drogas e dinheiro. Acusa-os de espiões e corruptos. Desprestigia-os. Prende muitos jornalistas, empresários, líderes trabalhistas. Os demais escaparão do país ou serão punidos.
Reestrutura o Gabinete. Aqui podes desfazer-te de teus colaboradores. A alguns podes premiá-los e outros desprezá-los pois já não há oposição. Tens que pôr camaradas. Estabelece o chamado constitucionalmente. Estado de Exceção; Suspende garantias. Lança o toque de recolher. Apura-te, olha se o povo te está achando excelente. Fecha todos os meios de comunicação. Destrói Prefeitos e Governadores da oposição.
Anuncia a reestruturação de todas as áreas do Estado e a elaboração de uma nova Constituição. Forma um Conselho de Governo com 500 membros. No Conselho Assessor do Governo estarei eu. Há que fuzilar os opositores que não aprendem. Isso é a única coisa que os silencia e é mais econômico.
Nunca deixes que se organizem, nem deixes que conheçam tuas intenções. Seremos respeitados novamente com o Marxismo-Leninismo. Brasil, Equador, Venezuela e Cuba a passos indestrutíveis. Se vejo que não tens colhões, recolho todo o meu pessoal; podem me matar os militares, quando se te ergam, se não me fazes caso. Que estás esperando, Hugo?”


Percebem alguma semelhança?


Neste vídeo você pode ver os discursos de Lula e Dilma, no Foro de São Paulo. E como ele diz tudo, termino o texto por aqui, e que os leitores tirem suas conclusões.






quinta-feira, 7 de março de 2013 | By: Vânia Santana

Dilma e PT, o milagre dos manipuladores da ilusão



O Brasil já se encontra em campanha eleitoral 2014, plena, explícita e obviamente inconstitucional, em pleno início do ano de 2013, quando sequer foram cumpridas promessas de campanha anteriores. Enquanto os críticos do governo, são chamados pela presidente de “manipuladores do pessimismo”, o partido governista continua arduamente a tarefa de “manipuladores da ilusão”, onde discursar sobre o fim da miséria, colocando inclusive data para isso, certamente garante que ela deixará de existir.
O passado, mesmo que recente, certamente não influencia no governo petista, cuja visão, parece ser focada apenas nos anos pares de eleições. Esquecem as próprias dívidas assumidas em campanha, tanto na era Lula, como por exemplo, a Transposição do São Francisco ( que segundo ele, seria entregue em 2012, e agora adiadas para 2015), como outras promessas da era Dilma, como aquela de entregar 6000 creches e dois anos depois, ter entregue somente 6 delas até dezembro de 2012.

Quiséramos ver os governantes “fazer o diabo” para cumprir seu mandato e suas promessas, e não “fazer o diabo” para vencer eleições. (Sim, Dilma disse que 'faz o diabo' nas eleições)

Dilma se aprimora cada vez mais, em suas ‘pérolas’. Ontem foi a vez desta aqui:

"Todo mundo acha que o Bolsa Família a gente faz na canetada. O Bolsa Família precisou de arte e engenho. Precisou de vontade política.
Só uma experiência de dez anos permitiu que a gente olhasse e visse que dava para tirar (brasileiros da miséria), porque tínhamos um cadastro adequado, um cartão. Não é milagre, não é malabarismo, nem estatística. Nós colocamos hoje todos os 36 milhões de brasileiros do cadastro do Bolsa Família acima da linha da miséria".

Na semana passada, Dilma disse que foi o governo petista que criou o Cadastro Único.

Não há constrangimento algum, em distorcer a percepção do eleitorado, mas tenho pra mim, que Dilma sabe, tão bem quanto Lula, que se não houvesse a estrutura monetária realizada no governo anterior, mesmo tendo sido o PT contra ela, não haveria sequer dinheiro para o programa Bolsa Família.

Sem entrar no mérito da questão, dos que aprovam ou não o programa, vamos aos fatos, e os fatos mostram a impostura da presidente Dilma, que desapropria os méritos anteriores.


Fato 1 – O que Lula dizia sobre o Bolsa Família:




Os fatos seguintes estão documentados. Clique sobre os grifos (em laranja) para ver a íntegra, e sobre as imagens para aumentá-las:


Fato 2-  Decreto 3769 –08 de Março de 2001 – Projeto Alvorada – Estabelece diretrizes de execução de projetos voltados para a área social





Fato 3 – Lei 10.219 – 11 de Abril de 2001 – Cria o Programa Nacional de Renda Mínima Vinculada a Educação “Bolsa Escola”




Fato 4 – Lei complementar 111 – 06 de julho de 2001 – Dispõe sobre o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza


Fato 5 – Medida Provisória 2.206-1 – 06 de Setembro de 2001 – Cria o Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde – “Bolsa Alimentação”





Fato 6 – Rede de Proteção SocialA Rede de Proteção Social buscou proporcionar uma melhor redistribuição da renda, a partir de uma atenção maior às pessoas mais carentes e às suas desigualdades no escopo de retirá-las da exclusão. Doze programas integram a Rede:



Fato 07 – Cartão Cidadão - Para ter acesso aos benefícios dos programas criou-se, durante o governo de FHC, o Cartão Cidadão, uma espécie de RG, obtido a partir do cadastro do cidadão a ser beneficiado, junto à prefeitura de seu município, conforme este atenda aos requisitos de cada programa. Posteriormente,  o Cartão Cidadão passou a ser denominado por Cadastro Único.
A liberação do benefício não era discricionária, mas sim vinculada aos requisitos de cada programa em específico.
Os pagamentos são feitos até hoje pela CEF, por intermédio do cartão, que funciona como um cartão de débito comum, e a transparência das transações é condição imperativa.




Para encerrar o texto, este vídeo de entrevista à FHC, é um resumo e bastante esclarecedor, e não deixa de dar os créditos a quem merece:




Seria bom se Dilma também tivesse vontade política para cumprir suas promessas de campanha, ao invés de fazer campanha antecipada, com conquistas alheias e com dinheiro público. E se quer ter algum mérito sobre o Bolsa Família, que tal começar a ampliar o programa, vinculando-o (e fiscalizando-o) sobre cursos de capacitação profissional aos adultos, para que realmente possamos comemorar o fim da miséria, de verdade, com a inclusão destas pessoas na atividade econômica do país? Comemorar o fim da miséria Dilma, é constatar a diminuição dos cadastrados no programa, e não o aumento da distribuição do benefício.



segunda-feira, 4 de março de 2013 | By: Vânia Santana

Governo Dilma bate recorde de gastos com festividades e homenagens



Em dois anos, o governo de Dilma Rousseff ficou próximo de gastar com festividades e homenagens o mesmo que foi desembolsado nos quatro anos do segundo mandato do governo Lula. Em valores constantes (atualizados pelos IGP-DI, da FGV), enquanto o ex-presidente desembolsou R$ 144,6 milhões entre 2007 e 2010, a atual presidente já utilizou 91,1% desse valor em apenas dois anos de governo, o que significa montante de R$ 131,7 milhões.

O governo Dilma pode ser considerado o mais “festeiro” desde, pelo menos, 1999. As despesas com festividades e homenagens nos anos passado e retrasado bateram recordes. Em média, foram R$ 59,9 milhões por ano de mandato, enquanto seu antecessor desembolsou a média de R$ 36,1 milhões por ano no segundo mandato e R$ 11,9 milhões nos primeiros quatro anos de governo. No segundo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o gasto médio anual foi de R$ 14,6 milhões.

O ano passado bateu recorde com gastos em festividades e homenagens, com dispêndios de R$ 74,3 milhões. A cifra representou aumento de R$ 16,8 milhões quando comparada com os R$ 57,3 milhões de 2011, em valores constantes.

A Fundação Nacional de Arte (Funarte) foi a entidade “campeã”, com R$ 11,3 milhões em 2012. Entre os contratos realizados para eventos de festividades e homenagens, o mais significativo em valor foi o celebrado com a “Romepar Consultoria, Representações e Participações”, do Rio de Janeiro, quando foram pagos R$ 1 milhão para o arrendamento de local em Lisboa para a comemoração do ano “Brasil em Portugal”.

Em seguida, nas mesmas rubricas, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) gastou R$ 9,3 milhões. O maior contrato foi celebrado com o “Di Gagliardi Buffet”, de Brasília, quando foram pagos R$ 1,4 milhões para a empresa prestar serviços em cerimoniais.

Em terceiro lugar, ficou o Fundo Nacional de Cultura, que aplicou R$ 6 milhões no ano passado com esse gênero. Entretanto, não foram localizados os contratos realizados entre o Fundo e as empresas de prestação de serviços.

O Contas Abertas entrou em contato com a assessoria do MRE e do Ministério da Cultura, que responderia pela Funarte e pelo Fundo Nacional da Cultura, para saber os motivos que fizeram os órgãos liderarem em gastos na rubrica “festividades e homenagens”. Entretanto, até o fechamento desta reportagem, elas apenas retornaram pedindo mais informações sobre a qualidade dos gastos, sem terem feito qualquer tipo de esclarecimento.

Uma curiosidade da lista de gastos com festividades e homenagens é que entre os 20 primeiros orgãos que fizeram uso de verba pública com este fim, seis são de unidades orçamentárias do Ministério da Defesa. As repartições militares, se somadas as despesas do Comando da Marinha, Fundo e Comando do Exército, Fundo e Comando da Aeronáutica e Justiça Militar da União, despenderam R$ 7,1 milhões com festas e homenagens.







Fonte: Contas Abertas

E o Oscar de efeitos especiais vai para....o PT - por Guilherme Fiuza



Abraham Lincoln e Luiz Inácio da Silva não são a mesma pessoa, mas quase. Na festa de 30 anos da CUT, o filho do Brasil e pai da maior máquina de perpetuação no poder já vista neste país voltou a se queixar em grande estilo, como é próprio das vítimas profissionais. Declarou que ele e o companheiro Lincoln são uns injustiçados: “Fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln em 1860. Igualzinho bate em mim”.


As semelhanças não param por aí: Lincoln não ganhou o Oscar, Lula também não. Mais uma armadilha do sistema capitalista contra os heróis do povo. Como um sujeito que sai limpinho do mensalão, convencendo mais de 100 milhões de pessoas de que não sabia de nada, pode não ser premiado com o Oscar? É muita injustiça social mesmo. Só pode ser preconceito das elites contra o ex-operário.

Lincoln e Lula, os irmãos siameses da resistência contra a imprensa burguesa, passarão juntos à história da CUT apesar do boicote de Hollywood. Mas que os americanos não se animem muito com essa dobradinha.

Mesmo com as incríveis semelhanças entre os dois estadistas, Lula é melhor.

Lincoln jamais seria capaz de eleger uma Dilma e, depois de um governo inoperante, preguiçoso, fisiológico, perdulário, destruidor das instituições com tarifas mentirosas e contabilidade idem, se encaminhasse para reelegê-la. Com todo o respeito à mitologia ianque e ao talento de Steven Spielberg, uma façanha dessas não cabe na biografia de Lincoln. Como transformar uma militante inexpressiva em símbolo feminino nacional, sem que ela manifeste um único pensamento original em anos de vida pública? Lincoln teria de nascer de novo duas vezes para aprender essa com Lula.

Enquanto o líder máximo de todos os tempos das Américas demonizava a imprensa, ensinando a classe operária a suspeitar da informação livre, odiar o contraditório e só confiar no que seu guru diz, notava-se ao lado os sorrisos divertidos de Gilberto Carvalho, o chefe de gabinete vitalício do Brasil. Carvalho é uma espécie de entroncamento entre Lula e Dilma, um avalista da continuação do final feliz petista no berço esplêndido do Estado brasileiro. Como se sabe, para que esse final feliz dure bastante, é necessário que o conto de fadas do oprimido prevaleça sobre a vida real - daí a implicância sistemática com a imprensa.

Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho está sempre nos fóruns partidários prometendo à militância que o governo criará uma imprensa nova, confiável. Parece piada chavista, mas é verdade. Por acaso, foi um subalterno de Carvalho que voltou de Cuba com um dossiê contra a blogueira Yoani Sánchez, caprichosamente gravado num CD. É o velho estilo petista de conspirar com o rabo de fora.

Na chegada da blogueira cubana ao Brasil, surgiram subitamente patrulhas organizadas de apoio ao regime de Fidel Castro, um movimento que ninguém imaginava que existia, que nunca mostrara sua cara em lugar nenhum. De repente, num Brasil supostamente democrático e tolerante às diferenças ideológicas, esses grupos surgidos do nada simplesmente impediram os debates públicos com Yoani - no grito, na marra. Quem será que instrumentalizou essa turminha braba?

A inacreditável operação abafa contra uma blogueira, nesse espetáculo deprimente de censura que o Brasil engoliu, veio mostrar que o chavismo só não prosperou no Brasil porque o oxigênio da liberdade por aqui ainda é maior do que na Venezuela. Mas o estado-maior petista não desistiu de sua doutrina da democracia dirigida e baba de inveja dos índices fabricados pela companheira Cristina Kirchner, em sua cruzada bolivariana pela informação de laboratório. Assim como Lincoln e Lula, Cristina também é uma vítima da imprensa reacionária, que tem essa mania mórbida de querer divulgar indicadores públicos verdadeiros.

O lucro do BNDES acaba de ser maquiado, graças a mais uma manobra genial dos companheiros que produzem superavit de proveta e passam blush na inflação. Quando se trata de picaretagem para se agarrar ao poder, é impressionante como a mediocridade do governo popular se transmuta em brilhantismo. Como disse Lula na CUT: “Nós sabemos o time que temos”.

É mesmo um timaço. Merece no mínimo o Oscar de efeitos especiais.
domingo, 3 de março de 2013 | By: Vânia Santana

Controle da mídia para petista ver - por Mary Zaidan



Na sexta-feira, o Diretório Nacional do PT, reunido em Fortaleza, aprovou mais uma resolução em que decreta: “a democratização da mídia é urgente e inadiável”.

Nada de novo.

Há anos o partido reincide no tema. A diferença desta vez é o tom: cobram de seu próprio governo que reconsidere a atitude de engavetar o novo marco regulatório das comunicações, em especial a mudança nas regras de concessões de rádio e TV.

Pelo jeito ranheta da redação, até parece, de verdade, um ultimato à presidente Dilma Rousseff. Pura encenação. Coisa para manter a aura esquerdóide, o usado e ultrapassado jargão “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”.

Um bom teste é averiguar se o senador José Sarney (PMDB-AP), dono das sesmarias do Maranhão e, claro, rei da mídia local, perdeu um segundo de sono com o tema.

É didático ainda repetir o exercício com o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL). Seu filho tem, declaradamente, uma emissora de rádio, e ele, como se apurou em 2007, outras. Algumas delas em nome de laranjas.

Uma soma por baixo dá conta de que pelo menos 80 parlamentares são donos de rádios e TVs. Algo que deveria ser apurado mais a fundo, até porque é inconstitucional. Para puni-los não seria preciso nova regulamentação, apenas cumprir a que existe.

Ou seja: nem de longe o PT quer mexer nesse vespeiro. Brigar com Sarney? Renan? Com metade da base aliada? Nem pensar.

Jogam para a plateia. E fazem isso com incomparável competência.

Time azeitado, na semana que terminou com a tal resolução, o presidente do PT Rui Falcão voltou a vociferar contra a mídia, e o líder maior Lula se superou nos cotovelos falantes ao se comparar com Abraham Lincoln, que, segundo o ex, “também” teria sido perseguido pela imprensa.

É vero que o PT, Lula & companhia adorariam controlar a mídia. Tentam isso há anos. Governantes, em geral, alguns particularmente, prefeririam não ter os incômodos que o jornalismo não oficial lhes causa.

Modelos de domínio absoluto como os da China e de Cuba então, são invejados por vários. Mas por aqui já se contentariam com as invenciones de Hugo Chávez e Cristina Kirchner.

O desejo é real. Mas, impossibilitados pela realidade, a ação é de mentirinha. Serve de alimento para uma rede fiel que lhes diz amém.

No mais, beira o cômico ver o PT repetir a balela com apoio de mídias dominadas pelos irmãos Gomes, do PSB do Ceará. Na mesma terra do irmão do mensaleiro José Genoíno (PT-SP), deputado José Magalhães, aquele do assessor flagrado com dólares na cueca, hoje líder do PT na Câmara.

Parafraseando o também mensaleiro Delúbio Soares, é mesmo piada de salão.