Política brasileira. Em fatos e opiniões.
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Pesquisa zera a sucessão - por João Bosco Rabello
A queda vertiginosa nos índices de aprovação, que a devolveu ao patamar histórico de votação do PT antes da primeira eleição de Lula, - 30% -, marca o ingresso da presidente Dilma Rousseff numa etapa em que a meta passa a ser salvar o que resta de seu governo.
A reeleição, em pouco mais de 30 dias, deixou de ser uma certeza para transformar-se em meta improvável, segundo avaliações da sua própria base de sustentação.
Estimulante para qualquer candidato que parte do zero, o índice a que desceu a presidente é dramático para quem está no cargo e pretende a reeleição. Não autoriza sequer a previsão de chegada ao segundo turno, o que no seu caso, indica uma velocidade inédita na corrosão de um capital político que, há 60 dias, avalizava a vitória no primeiro turno.
O tempo também conspira contra a capacidade de reação da presidente, cuja consistência depende de movimentos ousados que a indisporiam ainda mais com sua base, onde o descontentamento, principalmente no PT, já virou fogo amigo.
Possibilidade de reação existe, mas poucos acreditam que a presidente a encare pela ruptura que significaria com sua base, sem garantias de êxito. Como reduzir à metade os ministérios, por exemplo.
Passa também pela mudança de rumos da economia, cuja crise atingiu o bolso do eleitor bem antes do que previra a otimista área de marketing que orienta as ações de seu governo.
Como se vê, não é pouco, considerando as circunstâncias políticas desfavoráveis. A pesquisa agora divulgada traz índices que o Planalto já conhecia de suas consultas e responde pelo movimento queremista no PT pelo retorno de Lula.
Esse movimento, que o ex-presidente sugere avalizar com seu silêncio público, se materializado, terá o efeito de liberar os aliados dos compromissos com a reeleição.
Para partidos como o PMDB e o PSD, uma coisa é Dilma, outra, Lula - a primeira sem qualquer historicidade no PT; o segundo, o próprio PT.
E resta ainda a aventura embutida no retorno do ex-presidente, que provavelmente já não ostenta os mesmos índices com que encerrou seus dois mandatos e, portanto, já não seria uma aposta incondicional.
Em outro cenário, bem mais remoto, o PT teria de admitir não concorrer com candidato próprio - e aí o nome mais palatável ao partido seria o inimigo da hora, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
JOÃO BOSCO RABELLO - O Estado de S.Paulo
N.Y.Times - Manifestantes do Brasil, com a palavra
Ao contrário de muito que vimos na mídia brasileira, achei bem positiva e propositiva, a postagem no Blog "The Lede" de Robert Mackey, no New York Times. Transcrevo aqui para vocês, e no final segue o link para quem quiser ver a publicação original.
A video interview with a supporter of the protests in Brazil, recorded during a demonstration in São Paulo on Monday night, by the filmmaker Otavio Cury and the journalist Dom Phillips.
Como o meu colega Simon Romero relatou, o Brasil se prepara para mais uma rodada de protestos na quinta-feira (20/06), com manifestações previstas para dezenas de cidades, mesmo depois de as autoridades mudarem os planos para elevar as tarifas de ônibus em todo o país em face de grandes protestos de rua.
O tamanho e a intensidade das manifestações criou uma demanda instantânea na mídia global para acadêmicos de língua Inglesa e jornalistas que podem explicar as causas dos protestos para o resto do mundo. Poucas vezes ouvi as vozes dos próprios manifestantes, e os brasileiros que simpatizam com suas demandas.
Isso fez com que o trabalho de dois contribuintes para o blog, do jornal brasileiro Folha de São Paulo "Do Brasil", fosse particularmente valioso. Reportando das ruas de São Paulo nesta semana, o cineasta Otavio Cury e Dom Phillips, um jornalista britânico com sede no Brasil, produziram dois relatórios de vídeo, com legendas em inglês, em que os brasileiros explicam em termos claros a frustração e raiva por trás do movimento.
Em um vídeo gravado na segunda-feira à noite, uma empregada doméstica de 46 anos chamada Maria Lucia que estava tentando fazer o seu caminho para casa naquela noite de manifestação em São Paulo parou para explicar por que ela apoiou os protestos. O segundo vídeo amplifica as vozes de oito manifestantes que marcharam naquela noite em uma multidão estimada em mais de 65.000.
The voices of Brazilian protesters in a video report recorded on Monday for the newspaper Folha de São Paulo’s “From Brazil” blog
O Sr. Cury ofereceu mais um, sem palavras, vislumbre da energia nas ruas de São Paulo em um breve vídeo clipe de uma banda de protesto registrado durante uma manifestação na noite de terça.
New York Times - News
Financial Times: "Reformas de Dilma: o que ela deve fazer, e porquê não fará"
O blog "beyondbrics" do jornal inglês Financial Times, volta a criticar o governo brasileiro. Desta vez, a crítica é sobre as propostas de Dilma após as manifestações públicas, onde sugere o mesmo, outra lista de reformas ( a qual chama de lista de desejos).
Veja abaixo, em tradução livre:
"Após uma reunião com governadores e prefeitos na segunda-feira chamados em resposta aos maiores protestos no Brasil, em quase uma geração, a presidente Dilma Rousseff anunciou cinco pactos que vão desde a reforma política até melhorar a saúde pública.
Aqui está a lista das cinco, a probabilidade de ser eficaz (na sua maioria muito pouco), seguido por uma lista de desejos beyondbrics e sua probabilidade de acontecer (próximo de zero).
1. Manter a responsabilidade fiscal. - “Isso já está deteriorado e é difícil entender como os governos vão manter a linha agora, com maior pressão por melhores serviços.”
2. Plebiscito sobre uma Assembleia Constituinte exclusiva para a reforma política.- “Desnecessário. O Congresso poderia fazer a reforma política se realmente quisesse. A medida pode se perder no sistema político labiríntico do Brasil.”
3. Classificar a corrupção como crime hediondo: - “É um começo, mas fará pouca diferença sem um bom sistema de funcionamento. No Brasil não faltam boas leis, é apenas uma questão de cumpri-las.”
4. Acelerar investimentos em hospitais e clínicas e importar médicos estrangeiros. - “Num governo, não é isso o que chamamos de ‘apenas fazendo seu trabalho’? Ainda assim, melhor do que nada.”
5. Investir R$ 50 bilhões em transporte público. - “Não temos já estabelecida no Brasil a questão de que não é a quantidade de dinheiro que importa para resolver um problema, mas, sim, o modo?”
1- Ministros - reduzir imediatamente o gabinete de 39 ou 40 ministros atualmente a 15. Probabilidade de acontecer - zero. Na política brasileira ninguém quer estar em oposição.
2 - Apresentar uma visão coerente a curto, médio e longo prazo para a economia baseada na economia ortodoxa. Reposicionar o gabinete para incluir as pessoas com a experiência internacional do setor privado ao mais alto nível do negócio. Probabilidade de acontecer - quase zero. Seria muito doloroso para interesses escusos. Poderia resultar uma pequena recessão à frente de um ano eleitoral.
3 - Insistir com o Partido dos Trabalhadores que todos os mensaleiros, os quadros condenados à prisão por corrupção no ano passado no maior caso de corrupção do Brasil, sejam imediatamente suspensos do Congresso até que o processo de apelação esteja concluído. Probabilidade de acontecer? - Nas proximidades de zero. Dilma não pode se dar ao luxo de enfrentar o cerne do seu partido.
4 - Introduzir reformas para acelerar os processos judiciais de modo que nenhum demore mais de cinco anos. Probabilidade de acontecer? - Perto de zero. O Congresso nunca o faria - muitos legisladores estão enfrentando processos judiciais.
5 - Reduzir a burocracia imediatamente por metas definidas. Por exemplo, permitir que as empresas sejam abertas em três dias em vez de 121. Probabilidade? Não vai acontecer - a burocracia confusa do Brasil está presa em um labirinto.
2 - Apresentar uma visão coerente a curto, médio e longo prazo para a economia baseada na economia ortodoxa. Reposicionar o gabinete para incluir as pessoas com a experiência internacional do setor privado ao mais alto nível do negócio. Probabilidade de acontecer - quase zero. Seria muito doloroso para interesses escusos. Poderia resultar uma pequena recessão à frente de um ano eleitoral.
3 - Insistir com o Partido dos Trabalhadores que todos os mensaleiros, os quadros condenados à prisão por corrupção no ano passado no maior caso de corrupção do Brasil, sejam imediatamente suspensos do Congresso até que o processo de apelação esteja concluído. Probabilidade de acontecer? - Nas proximidades de zero. Dilma não pode se dar ao luxo de enfrentar o cerne do seu partido.
4 - Introduzir reformas para acelerar os processos judiciais de modo que nenhum demore mais de cinco anos. Probabilidade de acontecer? - Perto de zero. O Congresso nunca o faria - muitos legisladores estão enfrentando processos judiciais.
5 - Reduzir a burocracia imediatamente por metas definidas. Por exemplo, permitir que as empresas sejam abertas em três dias em vez de 121. Probabilidade? Não vai acontecer - a burocracia confusa do Brasil está presa em um labirinto.
O ponto da questão é que, em última análise, não é do interesse político da presidente ser vista tomando medidas radicais nesta fase. Isso seria semelhante a admitir que ela é o problema. É por isso que ela tem procurado incluir o Congresso e os governadores e prefeitos em um diálogo nacional.
Então onde isso nos deixa? Onde começamos. Só a pressão pública direta, sustentada sobre os políticos como o visto este mês no Brasil, vai acelerar o ritmo glacial de mudança no sistema."
Como podem ver, a crença do inglês no governo brasileiro, pelo número de vezes que repetiu, também está "próxima de zero". O governo do PT não consegue mais passar confiança, nem pra "inglês ver".
E você leitor, concorda com as sugestões do jornal?
Reforma Política. Com Voto distrital e facultativo
Voto distrital
O atual sistema eleitoral para a escolha de Vereadores e Deputados, que é o sistema proporcional, favorece o abuso do poder econômico nas eleições, dificulta a vinculação entre o parlamentar e seus eleitores e enfraquece os partidos, porque provoca a divisão e a luta interna entre seus candidatos.
O abuso do poder econômico é escandaloso. Em todas as eleições vemos denúncias. O candidato que possui recursos elevados se elege facilmente. Mas os eleitores não o conhecem. Ele é eleito pelo dinheiro que gastou.
Quando se trata do cargo à Deputado, é muito mais grave, pois o deputado é eleito por muitas regiões do Estado, e não fica vinculado a nenhuma. Há um grande distanciamento entre o deputado e o eleitor. Em São Paulo, por exemplo, o eleitor tem que escolher um entre cerca de 2000 candidatos.
Para se corrigir este sistema, o voto distrital misto, seria a melhor alternativa. Tanto para o eleitor, quanto para os partidos, que não prejudicaria lideranças nacionais e suas personalidades, pois o partido apresentaria um candidato para cada Distrito e uma lista partidária. O que daria a metade dos lugares, a vaga dos votados em cada Distrito, e a outra metade a votação obtida pela legenda, sendo eleitos os candidatos mais votados na ordem da Lista.
Seria o voto distrital misto, o instrumento mais eficaz para a autenticidade da representação popular e a elevação do nível da vida pública nacional.
Este vídeo, em 2 minutos, explica bem:
O Deputado Federal Mendes Thame (PSDB-SP), é responsável por um projeto de lei que tramita no Congresso, desde 2007, para instituir o voto distrital no sistema eleitoral:
Com as manifestações que ocorrem por todo o país, a
presidência fez pronunciamento em rede nacional, onde sugere que haja
plebiscito para uma nova constituinte, exclusiva para a Reforma Política. De
acordo com especialistas, isto não só é inconstitucional, como não se faz
necessário. Ademais, o PT é campeão em emendas e PLs, mas só quando interessa a ele. E a reforma política têm
várias delas engavetadas no Congresso, e o leitor pode ver que apenas não há
vontade política, e comprovar isto, clicando aqui: Reforma Política 2011 –proposições.
Voto Facultativo
Numa Democracia, votar em um representante político, seja
qual for sua categoria, é um direito. E a Democracia é feita de direitos e...
deveres. Mas transformar um direito em obrigação interessa a quem?
De acordo com Mary Zaidan, jornalista, “Ao contrário do que
preconiza a maior parte dos defensores do sufrágio compulsório, a obrigação age
no sentido oposto do aprendizado, da conscientização e, portanto, da própria
democracia. Desobriga os partidos e os seus candidatos de uma ação efetiva de
convencimento, onde a história e a atuação de cada um teriam de valer mais do
que a mera propaganda, e dilui a responsabilidade do eleitor, dos postulantes e
dos eleitos. Milhões vão às urnas não como protagonistas da democracia, mas por
imposição.”
E porque no Brasil, existe a obrigatoriedade do voto? Caso
não saiba o leitor e eleitor, ela rende dividendos financeiros aos partidos
políticos.
“No último pleito, a
tal multa por não votar - fixada pelo juiz eleitoral de cada localidade - girou
em torno de R$ 3,00. Irrisória para a maioria e sujeita à dispensa para aqueles
que comprovem a incapacidade de quitá-la, essa quantia individual ínfima
engorda, eleição sim e outra também, os recursos que são distribuídos entre as
agremiações partidárias”.
Não ache o leitor, que é pouco dinheiro. “Multiplique por três a abstenção de mais de
20 milhões no primeiro turno das eleições de 2006 e de outros quase 24 milhões
no segundo e chega-se a mais de R$ 130 milhões”. “Outra regra de composição do fundo
partidário determina que a União deposite R$ 0,97 por cada eleitor registrado
até o dia 31 de dezembro do ano anterior às eleições.” explica Mary Zaidan.
Não basta apenas a proposta de voto facultativo. Se não
tirarem a obrigatoriedade do registro eleitoral, o Fundo Partidário continuará
a receber por cada eleitor registrado. Entenderam? O cidadão já paga e a
maioria não sabe disso. E continuará pagando, enquanto for obrigatório o
registro eleitoral.
Mary tem a mesma opinião que a minha, quanto à Reforma Política: “A lista de
urgências neste tema é enorme. Vai do fim dos senadores sem voto às regras para
criação de partidos, passa pelo peso desigual da representação de cada Estado,
pelo sistema eleitoral, se proporcional, distrital puro ou misto.
Mas nada mexeria tanto na política quanto o fim do voto
obrigatório. Mas, assim como a lei da ficha limpa, ou vem como emenda popular
ou não virá nunca.
A maior parte dos políticos prefere correr desse debate. E
não é à toa. A obrigação do voto desobriga os partidos e os seus candidatos de
uma ação efetiva de convencimento, em que a história e a atuação de cada um
teriam de valer mais do que a mera propaganda.
O voto compulsório age no sentido oposto da conscientização.
E eleitor consciente é um perigo”.
E você, leitor, concorda?
Nota do blog:
Mendes Thame é Deputado Federal, ex-prefeito de Piracicaba e
Secretario Estadual de Recursos Hidricos, Saneamento e Obras. Engenheiro
Agronomo pela ESALQ (USP) e advogado pela PUC (Campinas), é professor
licenciado do Departamento da Economia da ESALQ. O deputado é responsável pelo
meu esclarecimento sobre o voto distrital para composição deste texto.
Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo
e O Estado de S. Paulo, em
Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas
em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes.
Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes
Comunicação e Imprensa'. Seus artigos são publicados de domingo no Blog do
Noblat, no site de O Globo, e esta compilação neste texto do blog, foi aqui
publicado com sua autorização.
Leia na íntegra seus textos sobre este tema: “Só
políticos lucram com o voto obrigatório” e também “Pergunte ao eleitor”
Assine a Petição Pública pelo voto distrital: #EuVotoDistrital
A mais cara de todas as Copas
A Copa do Mundo de 2014 no Brasil será a mais cara de todas. O secretário executivo do Ministério dos Esportes, Luís Fernandes, anunciou que em julho seu custo total chegará a R$ 28 bilhões, um aumento de 10% em relação ao total calculado em abril, que era de R$ 25,3 bilhões. E supera em R$ 6 bilhões (mais 27%) o que em 2011 se previa que seria gasto.
Por enquanto, já se sabe que o contribuinte brasileiro arcará com o equivalente ao que gastaram japoneses e coreanos em 2002 (R$ 10,1 bilhões) mais o que pagaram os alemães em 2006 (R$ 10,7 bilhões) e africanos do sul em 2010 (R$ 7,3 bilhões).
O "privilégio" cantado em prosa e verso pelo ex-presidente Luiz Inácio da Silva, que se sentou sobre os louros da escolha em 2007, e entoado por sua sucessora, Dilma Rousseff, em cuja gestão se realizará o torneio promovido pela Fifa, custará quatro vezes os gastos dos anfitriões do último certame e três vezes os gastos dos dois anteriores.
O governo federal não justifica - nem teria como - este disparate. Mas, por incrível que pareça, os responsáveis pela gastança encontram um motivo para comemorar: a conta ainda não chegou ao teto anunciado em 2010, que era de R$ 33 bilhões. É provável, contudo, que esse teto seja alcançado, superando o recorde já batido, pois, se os custos cresceram 10% em dois meses, não surpreenderá ninguém que subam mais 18% em 12 meses.
Esta conta salgada é execrada porque dará um desfalque enorme nos cofres da União, que poderiam estar sendo abertos para a construção de escolas, hospitais, estradas, creches e outros equipamentos dos quais o País é carente. Como, aliás, têm lembrado os manifestantes que contestam a decisão oficial de bancar a qualquer custo a realização da Copa das Confederações, do Mundial de 2014 e da Olimpíada no Rio de Janeiro em 2016. E, além dos valores, saltam aos olhos evidências de que tal custo não trará benefícios de igual monta.
É natural que, no afã de justificar o custo proibitivo, o governo exagere nas promessas de uma melhoria das condições de vida de quem banca a extravagância. Segundo Fernandes, responsável pela parte que cabe ao governo na organização do torneio, "a Copa alavanca investimentos em saúde, educação, meio ambiente e outros setores". E mais: "Ou aproveitamos esse (sic) momento para o desenvolvimento do País ou perdemos essa (sic) oportunidade histórica".
A Nação aguarda, com muita ansiedade, que o governo, do qual participa o secretário executivo do Ministério dos Esportes, venha a público esclarecer quantos hospitais, escolas ou presídios têm sido construídos e que equipamentos têm sido adquiridos para melhorar nossos péssimos serviços públicos com recursos aportados por torneios esportivos que nos custam os olhos da cara.
Não é preciso ir longe para contestar esta falácia da "Copa cidadã": o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) previu um "legado inestimável" que ficaria da realização dos Jogos Pan-americanos de 2007 na mesma cidade onde será disputada a Olimpíada de 2016. O tal "legado" virou entulho: os equipamentos construídos para aquele fim estão sendo demolidos e reconstruídos e, enquanto não ficam prontos, os atletas simplesmente não têm onde se preparar para disputar os Jogos Olímpicos daqui a três anos.
A manutenção do estádio Green Point, na Cidade do Cabo, que custou R$ 600 milhões (menos da metade dos gastos na reforma do Maracanã, no Rio, e do Mané Garrincha, em Brasília) para ser usado na Copa da África do Sul, demanda, por ano, R$ 10,5 milhões em manutenção, o que levou a prefeitura local a cogitar de sua demolição. Por que os estádios de Manaus, Cuiabá e Natal terão destino diferente depois da Copa?
A matemática revela que o maior beneficiário da Copa de 2014 será mesmo a Fifa, e não o cidadão brasileiro, que paga a conta bilionária. Prevê-se que o lucro da entidade será de R$ 4 bilhões, o dobro do que arrecadou na Alemanha e o triplo do que lucrou na África do Sul. O resto é lorota para enganar ingênuos e fazer boi dormir.
Estadão
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Sobre a Autora
- Vânia Santana
- São Bernardo do Campo, São Paulo, Brazil
- Cidadã em busca de um país e um mundo melhor. Oposicionista, Anti comunismo e anti corrupção. A favor da Paz, Democracia, Ordem e Progresso. Voto Distrital Misto e Facultativo, Parlamentarismo e Sustentabilidade. Tudo o que nunca teremos no Brasil com o PT. "Se numa situação de injustiça, você fica neutro, então você escolheu o lado do opressor."