domingo, 30 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Pesquisa zera a sucessão - por João Bosco Rabello




A queda vertiginosa nos índices de aprovação, que a devolveu ao patamar histórico de votação do PT antes da primeira eleição de Lula, - 30% -, marca o ingresso da presidente Dilma Rousseff numa etapa em que a meta passa a ser salvar o que resta de seu governo.

A reeleição, em pouco mais de 30 dias, deixou de ser uma certeza para transformar-se em meta improvável, segundo avaliações da sua própria base de sustentação.

Estimulante para qualquer candidato que parte do zero, o índice a que desceu a presidente é dramático para quem está no cargo e pretende a reeleição. Não autoriza sequer a previsão de chegada ao segundo turno, o que no seu caso, indica uma velocidade inédita na corrosão de um capital político que, há 60 dias, avalizava a vitória no primeiro turno.

O tempo também conspira contra a capacidade de reação da presidente, cuja consistência depende de movimentos ousados que a indisporiam ainda mais com sua base, onde o descontentamento, principalmente no PT, já virou fogo amigo.

Possibilidade de reação existe, mas poucos acreditam que a presidente a encare pela ruptura que significaria com sua base, sem garantias de êxito. Como reduzir à metade os ministérios, por exemplo.

Passa também pela mudança de rumos da economia, cuja crise atingiu o bolso do eleitor bem antes do que previra a otimista área de marketing que orienta as ações de seu governo.

Como se vê, não é pouco, considerando as circunstâncias políticas desfavoráveis. A pesquisa agora divulgada traz índices que o Planalto já conhecia de suas consultas e responde pelo movimento queremista no PT pelo retorno de Lula.

Esse movimento, que o ex-presidente sugere avalizar com seu silêncio público, se materializado, terá o efeito de liberar os aliados dos compromissos com a reeleição.

Para partidos como o PMDB e o PSD, uma coisa é Dilma, outra, Lula - a primeira sem qualquer historicidade no PT; o segundo, o próprio PT.

E resta ainda a aventura embutida no retorno do ex-presidente, que provavelmente já não ostenta os mesmos índices com que encerrou seus dois mandatos e, portanto, já não seria uma aposta incondicional.

Em outro cenário, bem mais remoto, o PT teria de admitir não concorrer com candidato próprio - e aí o nome mais palatável ao partido seria o inimigo da hora, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).


JOÃO BOSCO RABELLO - O Estado de S.Paulo


sexta-feira, 28 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

N.Y.Times - Manifestantes do Brasil, com a palavra


Ao contrário de muito que vimos na mídia brasileira, achei bem positiva e propositiva, a postagem no Blog "The Lede" de Robert Mackey, no New York Times. Transcrevo aqui para vocês, e no final segue o link para quem quiser ver a publicação original.



A video interview with a supporter of the protests in Brazil, recorded during a demonstration in São Paulo on Monday night, by the filmmaker Otavio Cury and the journalist Dom Phillips.


Como o meu colega Simon Romero relatou, o Brasil se prepara para mais uma rodada de protestos na quinta-feira (20/06), com manifestações previstas para dezenas de cidades, mesmo depois de as autoridades mudarem os planos para elevar as tarifas de ônibus em todo o país em face de grandes protestos de rua.
O tamanho e a intensidade das manifestações criou uma demanda instantânea na mídia global para acadêmicos de língua Inglesa e jornalistas que podem explicar as causas dos protestos para o resto do mundo. Poucas vezes ouvi as vozes dos próprios manifestantes, e os brasileiros que simpatizam com suas demandas.

Isso fez com que o trabalho de dois contribuintes para o blog,  do jornal brasileiro Folha de São Paulo "Do Brasil", fosse particularmente valioso. Reportando das ruas de São Paulo nesta semana, o cineasta Otavio Cury e Dom Phillips, um jornalista britânico com sede no Brasil, produziram dois relatórios de vídeo, com legendas em inglês, em que os brasileiros explicam em termos claros a frustração e raiva por trás do movimento.

Em um vídeo gravado na segunda-feira à noite, uma empregada doméstica de 46 anos chamada Maria Lucia que estava tentando fazer o seu caminho para  casa naquela noite de manifestação em São Paulo parou para explicar por que ela apoiou os protestos. O segundo vídeo amplifica as vozes de oito manifestantes que marcharam naquela noite em uma multidão estimada em mais de 65.000.


The voices of Brazilian protesters in a video report recorded on Monday for the newspaper Folha de São Paulo’s “From Brazil” blog 

 O Sr. Cury ofereceu mais um, sem palavras, vislumbre da energia nas ruas de São Paulo em um breve vídeo clipe de uma banda de protesto registrado durante uma manifestação na noite de terça.



New York Times - News



quinta-feira, 27 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Financial Times: "Reformas de Dilma: o que ela deve fazer, e porquê não fará"




O blog "beyondbrics" do jornal inglês Financial Times, volta a criticar o governo brasileiro. Desta vez, a crítica é sobre as propostas de Dilma após as manifestações públicas, onde sugere o mesmo, outra lista de reformas ( a qual chama de lista de desejos).

Veja abaixo, em tradução livre:

"Após uma reunião com governadores e prefeitos na segunda-feira chamados em resposta aos maiores protestos no Brasil, em quase uma geração, a presidente Dilma Rousseff anunciou cinco pactos que vão desde a reforma política até  melhorar a saúde pública.
Aqui está a lista das cinco, a probabilidade de ser eficaz (na sua maioria muito pouco), seguido por uma lista de desejos beyondbrics e sua probabilidade de acontecer (próximo de zero).

1. Manter a responsabilidade fiscal. - “Isso já está deteriorado e é difícil entender como os governos vão manter a linha agora, com maior pressão por melhores serviços.”

2. Plebiscito sobre uma Assembleia Constituinte exclusiva para a reforma política.- “Desnecessário. O Congresso poderia fazer a reforma política se realmente quisesse. A medida pode se perder no sistema político labiríntico do Brasil.”

3. Classificar a corrupção como crime hediondo: - “É um começo, mas fará pouca diferença sem um bom sistema de funcionamento. No Brasil não faltam boas leis, é apenas uma questão de cumpri-las.”

4. Acelerar investimentos em hospitais e clínicas e importar médicos estrangeiros. - “Num governo, não é isso o que chamamos de ‘apenas fazendo seu trabalho’? Ainda assim, melhor do que nada.”

5. Investir R$ 50 bilhões em transporte público. - “Não temos já estabelecida no Brasil a questão de que não é a quantidade de dinheiro que importa para resolver um problema, mas, sim, o modo?”

Beyondbrics -  'lista de desejos':

1- Ministros - reduzir imediatamente o gabinete de 39 ou 40 ministros atualmente a 15. Probabilidade de acontecer - zero. Na política brasileira ninguém quer estar em oposição.
2 - Apresentar uma visão coerente a curto, médio e longo prazo para a economia baseada na economia ortodoxa. Reposicionar o gabinete para incluir as pessoas com a experiência internacional do setor privado ao mais alto nível do negócio. Probabilidade de acontecer - quase zero. Seria muito doloroso para interesses escusos. Poderia resultar uma pequena recessão à frente de um ano eleitoral.
3 - Insistir com o Partido dos Trabalhadores que todos os mensaleiros, os quadros condenados à prisão por corrupção no ano passado no maior caso de corrupção do Brasil, sejam imediatamente suspensos do Congresso até que o processo de apelação esteja concluído. Probabilidade de acontecer? - Nas proximidades de zero. Dilma não pode se dar ao luxo de enfrentar o cerne do seu partido.
4 - Introduzir reformas para acelerar os processos judiciais de modo que nenhum demore mais de cinco anos. Probabilidade de acontecer? - Perto de zero. O Congresso nunca o faria - muitos legisladores estão enfrentando processos judiciais.
5 - Reduzir a burocracia imediatamente por metas definidas. Por exemplo, permitir que as empresas sejam abertas em três dias em vez de 121. Probabilidade? Não vai acontecer - a burocracia confusa do Brasil está presa em um labirinto.

O ponto da questão é que, em última análise, não é do interesse político da presidente  ser vista tomando medidas radicais nesta fase. Isso seria semelhante a admitir que ela é o problema. É por isso que ela tem procurado incluir o Congresso e os governadores e prefeitos em um diálogo nacional.
Então onde isso nos deixa? Onde começamos. Só a pressão pública direta, sustentada sobre os políticos como o visto este mês no Brasil, vai acelerar o ritmo glacial de mudança no sistema."


Como podem ver, a crença do inglês no governo brasileiro, pelo número de vezes que repetiu, também está "próxima de zero". O governo do PT não consegue mais passar confiança, nem pra "inglês ver". 

E você leitor, concorda com as sugestões do jornal?




terça-feira, 25 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Reforma Política. Com Voto distrital e facultativo


É muito importante, que os eleitores brasileiros tenham em mente, que os principais temas para a Reforma Política, que mudaria todo o conceito que o povo tem da política brasileira, afetando todos os outros, são estes dois: Fim do voto obrigatório (Voto Facultativo) e Voto Distrital. Vou explicar o porquê, e espero que no final do texto, vocês analisem e nos unamos para lutar por eles.

Voto distrital


O atual sistema eleitoral para a escolha de Vereadores e Deputados, que é o sistema proporcional, favorece o abuso do poder econômico nas eleições, dificulta a vinculação entre o parlamentar e seus eleitores e enfraquece os partidos, porque provoca a divisão e a luta interna entre seus candidatos.

O abuso do poder econômico é escandaloso. Em todas as eleições vemos denúncias. O candidato que possui recursos elevados se elege facilmente. Mas os eleitores não o conhecem. Ele é eleito pelo dinheiro que gastou.

Quando se trata do cargo à Deputado, é muito mais grave, pois o deputado é eleito por muitas regiões do Estado, e não fica vinculado a nenhuma. Há um grande distanciamento entre o deputado e o eleitor. Em São Paulo, por exemplo, o eleitor tem que escolher um entre cerca de 2000 candidatos.

Para se corrigir este sistema, o voto distrital misto, seria a melhor alternativa. Tanto para o eleitor, quanto para os partidos, que não prejudicaria lideranças nacionais e suas personalidades, pois o partido apresentaria um candidato para cada Distrito e uma lista partidária. O que daria a metade dos lugares, a vaga dos votados em cada Distrito, e a outra metade a votação obtida pela legenda, sendo eleitos os candidatos mais votados na ordem da Lista.

Seria o voto distrital misto, o instrumento mais eficaz para a autenticidade da representação popular e a elevação do nível da vida pública nacional.

Este vídeo, em 2 minutos, explica bem:



O Deputado Federal Mendes Thame (PSDB-SP), é responsável por um projeto de lei que tramita no Congresso, desde 2007, para instituir o voto distrital no sistema eleitoral:




Com as manifestações que ocorrem por todo o país, a presidência fez pronunciamento em rede nacional, onde sugere que haja plebiscito para uma nova constituinte, exclusiva para a Reforma Política. De acordo com especialistas, isto não só é inconstitucional, como não se faz necessário. Ademais, o PT é campeão em emendas e PLs, mas só quando interessa a ele. E a reforma política têm várias delas engavetadas no Congresso, e o leitor pode ver que apenas não há vontade política, e comprovar isto, clicando aqui: Reforma Política 2011 –proposições. 


Voto Facultativo

Numa Democracia, votar em um representante político, seja qual for sua categoria, é um direito. E a Democracia é feita de direitos e... deveres. Mas transformar um direito em obrigação interessa a quem?

De acordo com Mary Zaidan, jornalista, “Ao contrário do que preconiza a maior parte dos defensores do sufrágio compulsório, a obrigação age no sentido oposto do aprendizado, da conscientização e, portanto, da própria democracia. Desobriga os partidos e os seus candidatos de uma ação efetiva de convencimento, onde a história e a atuação de cada um teriam de valer mais do que a mera propaganda, e dilui a responsabilidade do eleitor, dos postulantes e dos eleitos. Milhões vão às urnas não como protagonistas da democracia, mas por imposição.”

E porque no Brasil, existe a obrigatoriedade do voto? Caso não saiba o leitor e eleitor, ela rende dividendos financeiros aos partidos políticos.

 “No último pleito, a tal multa por não votar - fixada pelo juiz eleitoral de cada localidade - girou em torno de R$ 3,00. Irrisória para a maioria e sujeita à dispensa para aqueles que comprovem a incapacidade de quitá-la, essa quantia individual ínfima engorda, eleição sim e outra também, os recursos que são distribuídos entre as agremiações partidárias”.

Não ache o leitor, que é pouco dinheiro.  “Multiplique por três a abstenção de mais de 20 milhões no primeiro turno das eleições de 2006 e de outros quase 24 milhões no segundo e chega-se a mais de R$ 130 milhões”.  “Outra regra de composição do fundo partidário determina que a União deposite R$ 0,97 por cada eleitor registrado até o dia 31 de dezembro do ano anterior às eleições.” explica Mary Zaidan.

Não basta apenas a proposta de voto facultativo. Se não tirarem a obrigatoriedade do registro eleitoral, o Fundo Partidário continuará a receber por cada eleitor registrado. Entenderam? O cidadão já paga e a maioria não sabe disso. E continuará pagando, enquanto for obrigatório o registro eleitoral.

Mary tem a mesma opinião que a minha, quanto à Reforma Política: “A lista de urgências neste tema é enorme. Vai do fim dos senadores sem voto às regras para criação de partidos, passa pelo peso desigual da representação de cada Estado, pelo sistema eleitoral, se proporcional, distrital puro ou misto.
Mas nada mexeria tanto na política quanto o fim do voto obrigatório. Mas, assim como a lei da ficha limpa, ou vem como emenda popular ou não virá nunca.
A maior parte dos políticos prefere correr desse debate. E não é à toa. A obrigação do voto desobriga os partidos e os seus candidatos de uma ação efetiva de convencimento, em que a história e a atuação de cada um teriam de valer mais do que a mera propaganda.
O voto compulsório age no sentido oposto da conscientização. E eleitor consciente é um perigo”.

E você, leitor, concorda?

Vejam que, em nenhum momento o Governo ou os políticos tocaram no assunto de incluir estes dois temas na Reforma Política. Com esta breve explanação, o bom entendedor concluirá o por que.


Nota do blog:
Mendes Thame é Deputado Federal, ex-prefeito de Piracicaba e Secretario Estadual de Recursos Hidricos, Saneamento e Obras. Engenheiro Agronomo pela ESALQ (USP) e advogado pela PUC (Campinas), é professor licenciado do Departamento da Economia da ESALQ. O deputado é responsável pelo meu esclarecimento sobre o voto distrital para composição deste texto.
Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa'. Seus artigos são publicados de domingo no Blog do Noblat, no site de O Globo, e esta compilação neste texto do blog, foi aqui publicado com sua autorização.
Leia na íntegra seus textos sobre este tema: “Só políticos lucram com o voto obrigatório”  e também “Pergunte ao eleitor”

Assine a Petição Pública pelo voto distrital: #EuVotoDistrital



domingo, 23 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

A mais cara de todas as Copas




A Copa do Mundo de 2014 no Brasil será a mais cara de todas. O secretário executivo do Ministério dos Esportes, Luís Fernandes, anunciou que em julho seu custo total chegará a R$ 28 bilhões, um aumento de 10% em relação ao total calculado em abril, que era de R$ 25,3 bilhões. E supera em R$ 6 bilhões (mais 27%) o que em 2011 se previa que seria gasto.

Por enquanto, já se sabe que o contribuinte brasileiro arcará com o equivalente ao que gastaram japoneses e coreanos em 2002 (R$ 10,1 bilhões) mais o que pagaram os alemães em 2006 (R$ 10,7 bilhões) e africanos do sul em 2010 (R$ 7,3 bilhões).

O "privilégio" cantado em prosa e verso pelo ex-presidente Luiz Inácio da Silva, que se sentou sobre os louros da escolha em 2007, e entoado por sua sucessora, Dilma Rousseff, em cuja gestão se realizará o torneio promovido pela Fifa, custará quatro vezes os gastos dos anfitriões do último certame e três vezes os gastos dos dois anteriores.

O governo federal não justifica - nem teria como - este disparate. Mas, por incrível que pareça, os responsáveis pela gastança encontram um motivo para comemorar: a conta ainda não chegou ao teto anunciado em 2010, que era de R$ 33 bilhões. É provável, contudo, que esse teto seja alcançado, superando o recorde já batido, pois, se os custos cresceram 10% em dois meses, não surpreenderá ninguém que subam mais 18% em 12 meses.

Esta conta salgada é execrada porque dará um desfalque enorme nos cofres da União, que poderiam estar sendo abertos para a construção de escolas, hospitais, estradas, creches e outros equipamentos dos quais o País é carente. Como, aliás, têm lembrado os manifestantes que contestam a decisão oficial de bancar a qualquer custo a realização da Copa das Confederações, do Mundial de 2014 e da Olimpíada no Rio de Janeiro em 2016. E, além dos valores, saltam aos olhos evidências de que tal custo não trará benefícios de igual monta.

É natural que, no afã de justificar o custo proibitivo, o governo exagere nas promessas de uma melhoria das condições de vida de quem banca a extravagância. Segundo Fernandes, responsável pela parte que cabe ao governo na organização do torneio, "a Copa alavanca investimentos em saúde, educação, meio ambiente e outros setores". E mais: "Ou aproveitamos esse (sic) momento para o desenvolvimento do País ou perdemos essa (sic) oportunidade histórica".

A Nação aguarda, com muita ansiedade, que o governo, do qual participa o secretário executivo do Ministério dos Esportes, venha a público esclarecer quantos hospitais, escolas ou presídios têm sido construídos e que equipamentos têm sido adquiridos para melhorar nossos péssimos serviços públicos com recursos aportados por torneios esportivos que nos custam os olhos da cara.

Não é preciso ir longe para contestar esta falácia da "Copa cidadã": o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) previu um "legado inestimável" que ficaria da realização dos Jogos Pan-americanos de 2007 na mesma cidade onde será disputada a Olimpíada de 2016. O tal "legado" virou entulho: os equipamentos construídos para aquele fim estão sendo demolidos e reconstruídos e, enquanto não ficam prontos, os atletas simplesmente não têm onde se preparar para disputar os Jogos Olímpicos daqui a três anos.

A manutenção do estádio Green Point, na Cidade do Cabo, que custou R$ 600 milhões (menos da metade dos gastos na reforma do Maracanã, no Rio, e do Mané Garrincha, em Brasília) para ser usado na Copa da África do Sul, demanda, por ano, R$ 10,5 milhões em manutenção, o que levou a prefeitura local a cogitar de sua demolição. Por que os estádios de Manaus, Cuiabá e Natal terão destino diferente depois da Copa?

A matemática revela que o maior beneficiário da Copa de 2014 será mesmo a Fifa, e não o cidadão brasileiro, que paga a conta bilionária. Prevê-se que o lucro da entidade será de R$ 4 bilhões, o dobro do que arrecadou na Alemanha e o triplo do que lucrou na África do Sul. O resto é lorota para enganar ingênuos e fazer boi dormir.

Estadão


Presidência gasta R$ 6,1 mil com toalhas de algodão egípcio



Além das diversas manifestações em todo o país, a Presidência da República também parece ter tido outra preocupação esta semana. A Pasta reservou R$ 2,8 mil para a compra de 40 toalhas de banho, R$ 1,9 mil para 80 toalhas de rosto, R$ 297,60 para 40 toalhas de mão e R$ 946,00 para 40 toalhas de piso. Todas as peças de banho são na cor branca e 100% em algodão egípcio. Ao todo, R$ 6,1 mil foram empenhados para as aquisições.

Ao que parece, os servidores da Presidência da República também não terá problemas para ficarem acordados durante os protestos. A Pasta empenhou R$ 3,7 mil para a compra de quatro cafeteiras elétricas. Os aparelhos possuem dois depósitos de cinco litros cada, além de torneira com sistema de proteção contra vazamentos e entupimentos, aquecimento por resistência elétrica e termostato regulável. A Presidência também reservou R$ 162,4 mil para a compra de 700 componentes de persiana do tipo rolo.

Já o VI Comando Aéreo Regional, em Brasília, empenhou R$ 415,9 milhões para a compra de 485 monitores de vídeo. Entre as compras, 220 serão de tela LCD de no mínimo 24 polegadas, ao custo de R$ 982,27 cada, e 265 serão de tela LED de no mínimo 21,5 polegadas.

O Comando também reservou em orçamento R$ 39,9 mil para a aquisição de nove notebooks básicos e dois estabilizadores de 1000 VA e 2000 VA. Outros R$ 652,6 mil foram empenhados para a compra de 179 microcomputadores de médio desempenho.

A Câmara dos Deputados, por sua vez, irá destinar R$ 17,4 mil para compra de duas cadeiras de rodas motorizadas. O valor inclui o treinamento para utilizar as cadeiras e garantia de funcionamento com manutenção corretiva por 12 meses.

No Judiciário, o Superior Tribunal Militar (STM) empenhou R$ 4,8 mil para a compra de 110 pastas de convenção em couro, na cor café. Os acessórios possuem porta papel, bolso com zíper e lingueta para fechamento. Além disso, as pastas possuem 24,5 cm largura e 32,3 cm de comprimento.

O STM também reservou R$ 3,9 mil para a compra de 200 “risque-rabisques” com acabamento em couro vaqueta legítimo na cor café, com costuras. O forro do material é sintético, com berço porta-caneta na aba superior e gravação em relevo com o nome do Tribunal.  Os “bloquinhos chiques” já conterão 10 folhas de papel sulfite e terão embalagem individual tipo saco plástico transparente.

A Corte também empenhou R$ 9,9 mil para a compra de 200 portas-canetas e cartões. Os acessórios também são confeccionados em couro legítimo na cor café, com acabamento liso e brilhante. A forração interna, contendo rascunho com 450 folhas em papel sulfite branco, possui a gravação em relevo na parte frontal do STM.

Contas Abertas


Não satisfeita com hospitais públicos, Fifa será atendida pela rede particular



Entidade acredita que rede pública não oferece um serviço minimamente decente
Jiri Dvorak, diretor médico da Fifa

A Fifa e os manifestantes que tomaram as ruas brasileiras tem pelo menos um ponto em comum: ambos concordam que os hospitais públicos brasileiros não oferecem um serviço minimamente decente. Ao contrário do que ocorreu na África do Sul, quando a entidade credenciou algumas unidades públicas de saúde para atender seus membros e investiu neles, no Brasil a Fifa será atendida pela rede particular.

Caso um jogador, cartola, repórter estrangeiro ou membro da entidade sofra algum problema de saúde, será levado para um desses hospitais credenciados. Todos, salvo no caso de Porto Alegre, são clínicas privadas.

"Essa é uma definição da Fifa escolher em qual rede quer ter seu atendimento. O governo brasileiro tem se preparado para melhorar toda sua rede, estamos no processo de preparação na rede pública. Estamos investindo pesadamente", comentou Derborah Malta, diretora de promoção da saúde do Ministério da Saúde.

Com o cuidado de medir as palavras, o diretor médico da Fifa, Jiri Dvorak, procurou não fazer críticas diretas ao sistema de saúde público brasileiro e dizer que a decisão tomada levou em conta a orientação das autoridades locais.

"Quando escolhemos os hospitais nós o fazemos junto com o COL (Comitê Organizador Local). É uma avaliação complexa. Não estamos impondo que seja hospitais privados. Temos um grupo independente que avalia (os hospitais)".

Diante de perguntas sobre os protestos que pedem por melhores hospitais públicos, Deborah disse que o governo Dilma tem como prioridade aumentar o orçamento da saúde.

"Atualmente 9% do PIB são investidos na saúde, mas achamos sempre que podemos investir mais. É uma demanda legítima de melhorias na saúde. Estamos trabalhando para melhorar a gestão e o investimento na saúde pública. Somos um país em desenvolvimento e ainda temos muito a construir", ponderou a diretora. 


JAMIL CHADE E LEONARDO MAIA
O Estado de São Paulo


sexta-feira, 21 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Em meio aos protestos, governo dá aos Ministros, o "Bolsa-Copa"



O governo vai pagar diárias de hotel de até R$ 1.162 para ministros que quiserem assistir nos estádios aos jogos da Copa das Confederações. O benefício foi chamado por oposicionistas de “Bolsa Copa” e já começou a ser questionado no Congresso Nacional.

O texto, assinado pela presidente Dilma Rousseff (PT), pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e pelo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, prevê que o governo federal pague diárias de até R$ 581 para ministros e servidores, e de R$ 406,70 para comandantes, oficiais e servidores das três Forças Armadas que se deslocarem aos jogos nos estádios. Esses valores são para viagens a Brasília, Manaus e Rio de Janeiro. No entanto, pelo artigo primeiro do decreto, o governo federal pode cobrir o dobro destes valores, alcançando então diárias de até R$ 1.162. São capitais-sedes da Copa das Confederações: Fortaleza, Recife, Salvador, Brasília, Manaus, Rio e Belo Horizonte.

O benefício, que pode ser usado para bancar gastos com hotel, alimentação e translado, é previsto apesar de existirem bases militares com alojamentos do Exército e Aeronáutica em todas as sete capitais-sedes da Copa das Confederações. Os jogos acontecem entre os dias 14 deste mês a 2 de julho.

As comitivas ainda poderão viajar nos jatos da FAB (Força Aérea Brasileira), por prerrogativa dos cargos que possuem.

O Palácio do Planalto publicou em edição extra no Diário Oficial do dia 14 de junho, na véspera da abertura da Copa, o Decreto 8.028/13 com tabelas de gastos autorizados.

Oposição

O líder do PSDB na Câmara, deputado federal Carlos Sampaio (SP), apresentou requerimento de informações para que a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, esclareça os motivos do pagamentos das diárias para ministros, servidores e militares durante a Copa das Confederações.

O benefício das diárias já é previsto para essas autoridades, mas o Planalto baixou o novo decreto permitindo que elas possam ultrapassar o teto durante o evento da Fifa.

Explicações

Segundo o portal do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio pede que o governo explique as razões para esse aumento e destaca, no requerimento, que é prerrogativa do Congresso fiscalizar os gastos do Executivo.

Até aliados pedem reforma ministerial

Em meio à onda de manifestações em várias cidades brasileiras nos últimos dias, alas do PT e do empresariado recrudesceram as reclamações sobre a falta de interlocução do governo Dilma Rousseff com setores empresarial, político e social e pressionam por troca de ministros.

A insatisfação tem sido explicitada em encontros desses grupos com o ex-presidente Lula. O petista teria respondido a seus interlocutores que tem a mesma avaliação e que iria conversar com Dilma sobre a necessidade de abrir canais de diálogo com empresários, aliados políticos e líderes de movimentos sociais.

O ex-presidente esteve terça-feira com sua sucessora em reunião emergencial em São Paulo para falar das manifestações de rua no país.

Em comum nas conversas de industriais com Lula estão reclamações contra o estilo intervencionista da presidente e sobre o que consideram uma aversão à relação com o mercado. Para eles, Dilma precisa ter um ministro com livre trânsito no empresariado e estar mais aberta a sugestões da iniciativa privada.

Dentro do governo, assessores reconhecem que a administração dilmista precisa melhorar sua interlocução com esses setores, mas afirmam que não está nos planos da presidente fazer uma reforma ministerial agora.

A troca viria apenas no início do próximo ano, quando até 14 dos 39 ministros podem deixar o governo para disputar as eleições.

Nos setores petistas, a avaliação é que a presidente Dilma precisa mudar sua articulação com o Congresso e dar mais poder a Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), que estaria sem autonomia para dialogar com os movimentos sociais.

São comuns em Brasília relatos da falta de diplomacia de Dilma ao tratar com aliados no meio político e empresarial. Há algumas semanas, por exemplo, Lula foi ao Peru e se encontrou com o presidente Ollanta Humala.


A Gazeta

Obs. do blog: O salário de um Ministro é de R$ 26.723,13.


'Revolução dos 20 centavos' mostra que fantasia acabou, diz Financial Times


Um editorial publicado nesta quinta-feira no diário britânico Financial Times diz que os maiores protestos de rua vividos no Brasil nos últimos 20 anos mostram que os brasileiros se deram conta de que o "glorioso novo país" propagado pelo governo seria uma "fantasia".





"A revolução dos 20 centavos mostra que a fantasia acabou" diz o jornal, citando que "espetaculares 10 anos de crescimento" tiraram "cerca de 30 milhões de pessoas da pobreza" com novas demandas que não foram atendidas.

A chamada nova classe média, diz o jornal, "pode consumir como nunca", mas "as mudanças sociais em outros setores não acompanharam as demandas desta nova classe, ainda precária".

O editorial cita que "não há problema" em cultivar a imagem global do Brasil com investimentos de US$ 12 bilhões em estádios de futebol, mas "não quando a vida é tão dura para a maioria".

"Eles pagam impostos iguais aos de primeiro mundo e recebem em troca serviços públicos de má qualidade de países em desenvolvimento".

"Ônibus lotados e tráfego pesado tornam as viagens diárias caras e um desperdício de tempo. A corrupção do governo prevalece."

Para o FT, os brasileiros tentam se posicionar "entre o Brasil 'velho' que teriam deixado para trás e o glorioso Brasil 'novo' que o governo diz ser o país em que vivem".

"Isso talvez esteja em sintonia com uma tendência que corre entre os investidores: a de que o modelo brasileiro chegou ao seu limite".

"Em toda América do Sul, cidadãos estão fartos de ouvir como as coisas são boas", diz o FT, acrescentando que os protestos no Brasil vão causar preocupações nos mercados financeiros a respeito dos mercados emergentes como um todo e podem indicar que a "salada política dos velhos dias e o dinheiro fácil do passado podem estar chegando ao fim".


Daily Telegraph

Em um artigo de opinião, intitulado "Apesar do boom das commodities, o Brasil está perto de entrar em ebulição", o jornal britânico Daily Telegraph diz que a frustração que desencadeou os protestos no país se explica pelo fato de as pessoas "terem perdido fé no processo político", a exemplo do que ocorreu em outros países da região.

O texto, assinado por Daniel Hannanfaz, faz uma retrospectiva dos acontecimentos políticos nos países da América do Sul, que, nas últimas três décadas saíram de ditaduras militares, passaram por governos neoliberais que "desperdiçaram suas chances e, em desespero, optaram pela esquerda populista".

"Hugo Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, Cristina Kirchner na Argentina e Luiz Inácio Lula da Silva, padrinho carismático de Dilma Rousseff, no Brasil".

Segundo o texto, este modelo funcionou durante um tempo.

"As pessoas preferiam eleger os populistas simplesmente pelo fato de que não eram da velha oligarquia. Mas mais cedo ou mais tarde, como acontece com muitos governos socialistas, o dinheiro acaba".

"Esse momento chegou para o Brasil e os brasileiros sentem isso".


BBC Brasil


quinta-feira, 20 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

A Democracia Brasileira em grave ameaça pelas urnas eletrônicas


Não dá pra confiar numa Democracia, que usa nas eleições, urnas passíveis de serem fraudadas. O Brasil é o único país que utiliza estas urnas, sem sequer imprimir um comprovante. Nem o Paraguay aceitou essas urnas.
Milhares de denúncias já foram feitas, porém, mesmo com hackers pelo mundo afora, invadindo sistemas governamentais e bancários, o governo brasileiro insiste em dizer que as urnas são seguras.
Não adianta as pessoas lutarem por mudar os governantes via voto, com um sistema frágil e passível de fraude.
Vejam o vídeo, e tirem suas conclusões. E divulguem isso. Já passou da hora, de exigirmos a mudança no Sistema Eleitoral Brasileiro. Não emitir comprovante de quem se votou, interessa a quem, afinal?




terça-feira, 18 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Vídeo - Não, eu não vou à Copa do Mundo

Uma cineasta brasileira desmontou em seis minutos a vigarice bilionária forjada pelos organizadores da Copa da Ladroagem

Nascida em São Paulo e residente na Califórnia, a cineasta Carla Dauden presenteou o Brasil decente com um vídeo que, em 6:10, reduz a farrapos a fantasia triunfalista costurada nos últimos seis anos. Desde que ficou oficialmente decidido que o País do Futebol seria o anfitrião da Copa do Mundo de 2014, o governo federal, a Fifa e a CBF agem em cumplicidade para vender como empreitada patriótica o que sempre foi uma conjunção de negociatas bilionárias com pilantragens eleitoreiras.

Nesta segunda-feira, enquanto multidões de brasileiros incluíam o oceano de obras superfaturadas entre os alvos dos atos de protesto, Carla postou seu vídeo no YouTube. Passadas 24 horas, o número de acessos vai chegando a 600 mil. A menos de 12 meses do apito inicial, a fraude foi implodida. E o mundo começou a descobrir o que fizeram, fazem e pretendem continuar fazendo os governantes e supercartolas que arquitetaram a Copa da Ladroagem.





 Augusto Nunes



Um terço da desigualdade de renda vem da ação do governo



Um estudo feito pelo Ipea revela que um terço da desigualdade de renda no Brasil é reflexo da própria ação do governo — e não há Bolsa Família capaz de mudar essa situação

As duas faces de São Paulo: o governo, de várias maneiras, ajuda mais quem vive na área ao fundo

Crítico do Estado como agente planejador da economia, o economista austríaco Friedrich von Hayek era ácido quando co­mentava o papel do poder público co­mo promotor da igualdade de renda. De acordo com ele, isso só poderia ser conseguido por governos totalitários — à custa das liberdades individuais.

A despeito disso, desde a segunda meta­de do século 20, países democráticos são governados com a premissa de que o Esta­do deve distribuir a riqueza. Alguns fo­ram bem-sucedidos. Suécia, NoruegaDinamarca figuram no grupo das nações com melhor igualdade de renda e qualidade de vida. São países inspirado­res para nós, que convivemos com disparidade de renda enorme.

Estamos na 73ª posição no ranking de desigualdade das Nações Unidas, com indicadores de 134 países. O governo brasileiro até se propõe a atuar para dividir melhor o bolo. Mas parte da dificuldade em diminuir diferenças está no fato de que o Estado ajuda a provocar a desigualdade que se propõe a combater.

A conclusão é dos pesquisadores Marcelo Medeiros e Pedro Souza, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No artigo “Gasto público, tributos e desigualdade de renda no Brasil”, eles mostram que a ação estatal responde por um terço da concentração de renda no Brasil.

O estudo analisou o Índice de Gini, criado pelo italiano Corrado Gini, em 1912, para medir a concentração de renda. Em 2009, o índice brasileiro era de 0,561, numa escala que vai de zero (mais igual) a 1 (mais desigual). Os pesquisadores criaram uma fórmula para descobrir os elementos que ajudam a concentrar e a distribuir a riqueza do país.

Foram analisadas sete variáveis: impostos diretos cobrados da população, assistência social, remuneração dos funcionários públicos, benefícios trabalhistas, previdência social, salário e outras rendas do setor privado. A conclusão incômoda: apenas os dois primeiros fatores ajudam a desconcentrar a renda. Todos os demais concentram.

Como ocorre em qualquer país capitalista, a atividade é concentradora de riqueza. A livre-iniciativa tende a premiar o mérito — e não há nada de errado com isso. Ao contrário, são essas forças que movem o desenvolvimento. Nos antigos países comunistas, aliás, a falta de estímulos para o esforço individual gerou letargia tal que acabou aniquilando o próprio sistema econômico.

Ocorre que os países mais avançados buscam combinar o dinamismo capitalista com uma ação estatal que arrefeça a concentração. Ou seja, os melhores são premiados, mas a distância deles em relação ao demais se mantém num patamar aceitável. É aí que o Brasil peca. Segundo o estudo, o Estado brasileiro não só não consegue reduzir a desigualdade como também ajuda a aumentá-la.

O que ocorre no interior da máquina pública é uma espécie de cabo de guerra entre elementos concentradores e distribuidores de renda. Os tributos diretos, como o imposto de renda, que não incidem sobre os mais pobres, e a assistência social, que subsidia os humildes, amenizam as diferenças de renda. Mas seus efeitos são anulados pelas benesses que engordam os ganhos do setor público.

Boa parte da concentração de renda ocorre via pagamento de salários a servidores. “O Estado paga melhor para atrair profissionais com nível educacional mais alto”, diz Marcelo Medeiros, que também é professor na Universidade de Brasília. Milhares de pessoas dedicam horas de estudo para garantir uma colocação no setor público. Danillo Fialho, de 22 anos, é um deles.

No fim de março, Fialho concorreu com 31 358 candidatos a uma das 782 vagas de gestor tributário da Secretaria de Estado da Fazenda de São Paulo. Formado em administração de empresas pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, ele é analista comercial de uma multinacional. Ganha 3 500 reais por mês. Se for aprovado, seu salário subirá para 8 582 reais. “Busco a estabilidade e o salário maior do serviço público”, diz Fialho.

Parte da diferença se deve a distorções. Há desníveis inexplicáveis entre a remuneração de funcionários públicos e privados com a mesma qualificação. Na média, ela chega a 300 reais por mês — e responde por 6% da desigualdade. Mas há extremos. Em 2012, depois que a divulgação dos salários dos servidores municipais se tornou obrigatória em São Paulo, foram reveladas situações como a de um motorista de vereador que ganha 12 700 reais por mês.

Fora da Câmara, a realidade é outra. O motorista Mário Jorge Gonçalves, de 50 anos, vive entre São Paulo e Mongaguá, no litoral sul do estado. Ele não completou o fundamental e trabalha até 16 horas diárias numa empresa privada para ganhar 1 800 reais. Casado, com três filhos, ele não se permite momentos de lazer, como ir ao cinema. “Minha diversão é jogar bola na praia, que não custa nada”, diz Gonçalves.

Outra fonte de desigualdade é a Previ­dência. Ao se aposentar, o trabalhador da iniciativa privada recebe do INSS um be­nefício máximo de 4 159 reais. O servidor público tem aposentadoria integral. Se ganhar 20 000 reais, se aposentará com o mesmo valor.

Em 2012, uma lei eliminou essa vantagem para novos concursados, mas levará décadas pa­ra surtir efeito. Por enquanto, os servidores públicos que recebem acima do teto, que representam 5% dos beneficiados do INSS, ficam com quase 20% dos recursos da Previdência.

Tributação perversa

O governo ataca a desigualdade com os programas sociais — o que é bem-vindo. O efeito, porém, é tímido. Em 2012, foram distribuídos 21 bilhões de reais para 14 milhões de famílias. Só para equilibrar as distorções causadas pela previdência pública seria preciso aumentar dez vezes as contribuições do Bolsa Família.

A redução da desigualdade seria maior se o brasileiro tivesse educação de qualidade para disputar postos com melhores salários. “A assistência social é uma boa política de curto prazo”, diz Michael Norton, da Universidade Harvard, dos Estados Unidos. “Mas são os projetos ligados à educação que melhor distribuem a riqueza no longo prazo.”

O estudo não analisa os impostos indiretos — que elevam o preço final de bens de consumo. Esses tributos penali­zam os mais pobres: como as alíquotas são iguais para todos, proporcionalmen­te à renda os mais ricos pagam bem me­nos.

A fórmula é perversa: 28% da renda dos menos favorecidos é sugada por impostos indiretos, como ICMS — ante 10% da dos mais ricos, segundo outro estudo do Ipea.

Nos Estados Unidos, cerca de 15% da arrecadação vem de im­pos­tos sobre o consumo, e 60%, so­bre a renda e o patrimônio. No Brasil, 50% vêm de tributos indiretos. Nos últi­mos anos, o governo adotou outro mecanismo de concentração de renda: as transferências de recursos do Tesouro Nacio­nal, por meio do BNDES, para financiar empresas em setores eleitos co­mo estratégicos.

Desde 2008, esse empréstimo de dinheiro público somou 350 bilhões de reais. “Parte da arrecadação vai para empresas via política industrial”, diz o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco. “É pura concentração de renda.” Haja distribuição de Bolsa Família para mudar a situa­ção.



Já está raiando a liberdade no horizonte do Brasil




O ano era de 1984. Uma passeata sai do Vale do Anhangabaú até a Praça da Sé, em São Paulo. O dia 16 de Abril daquele ano, marca a maior manifestação pública na história do Brasil, com 1,5 milhão de pessoas, pedindo pelo direito de votar para Presidente. O movimento, Diretas Já.




Para reprimir as manifestações populares, durante o mês de abril de 1984, o então presidente João Figueiredo aumentou a censura sobre a imprensa e ordenou prisões. Houve violência policial. Apesar da rejeição da Emenda Dante de Oliveira na Câmara dos Deputados, o movimento pelas "Diretas Já" teve grande importância na redemocratização do Brasil. Suas lideranças passaram a formar a nova elite política brasileira. O processo de redemocratização termina com a volta do poder civil em 1985, com a aprovação de uma nova Constituição Federal em 1988 e com a realização das eleições diretas para Presidente da República em 1989, cinco anos depois da manifestação.

1992. O Brasil vai novamente as ruas, de caras pintadas, pedindo o impeachment do então presidente Collor, o “caçador de marajás”. Foi o primeiro processo de impeachment da América Latina, porém antes de aprovado, Fernando Collor renunciou, o que o fez tornar-se inelegível até o ano de 2000.



Vinte anos se passaram, com pequenos movimentos populares reivindicando nas cidades do Brasil, através de passeatas, a atenção dos governantes e da mídia, para se acabar com a corrupção, para melhoria da educação e salários dos professores, pela melhoria da saúde pública, pela Justiça e segurança. Juntou-se a isso a força das redes sociais, que inclusive colheu 1,5 milhões de assinaturas, pedindo a cassação do presidente eleito pelo Senado, Renan Calheiros. Nem as manifestações de rua, que não conseguiam juntar muito mais do que 5 mil pessoas, nem o abaixo assinado com milhões de assinaturas, foi o suficiente para chamar atenção, se fazer a vontade do povo ou sensibilizar os poderosos, que cada dia mais, usurpam do dinheiro público para satisfazer seus desmandos e continuam impunes, passando em cima da Constituição, do Estado de Direito e da Democracia.

E após vinte anos, onde especialmente nos últimos 10 anos governo, os 'ilícitos' tomaram uma amplitude desmedida, juntando a isso uma impunidade decorrente, a ponto de condenados pelo STF, que deveria ser última estância jurídica,  poder recorrer de crimes como formação de quadrilha, peculato, desvio de verba pública, entre outros, como foi o “mensalão”, e ainda estarem estes em exercício no poder, mais a tentativa de tirar o poder do MPF investigar estes casos, com a PEC 37, mais a PEC 33, que pretende tirar do STF o poder e dá-lo ao Congresso, mais a inflação em alta, mais os juros e dólar em alta, mais o crescimento pífio do PIB do Brasil, mais o tráfico de influência exercido pela secretária da Presidência, Rosemary Noronha, mais o gasto descomunal com uma Copa e Cartões Corporativos e com o Congresso... mais os crimes violentos e bárbaros praticados por menores, mais os 50 mil assassinatos/ano,  mais o aumento de programas sociais, mais a situação da Petrobrás, da Eletrobrás, dos portos e aeroportos, mais a seca do Nordeste, a Transposição e desvios eternos do São Francisco,  mais as doações de dinheiro do brasileiro para países estrangeiros, mais os favorecimentos à empreiteiras do BNDES .... Somando-se a isso 0,20 centavos de real, no aumento do transporte público de péssima qualidade, milhares de brasileiros voltam as ruas... e os políticos não entendem,  como disse ontem  o Ministro Gilberto Carvalho,  o que está ocorrendo.... Porque o povo não deu um nome, e porque o povo não tem um líder para direcioná-los... Para lutar por uma causa...???




O que o PT precisa entender, é que seu projeto já se esgotou. Não fez nenhuma reforma política nem econômica significativa que impulsionasse o país. Não será apenas aumentando o assistencialismo que o Brasil irá crescer, nem terá futuro. Bater infinitamente na tecla de que governa para o povo e para os pobres, já não engana mais a ninguém. Nem a ingleses, nem a brasileiros.

É hora de mudanças. Porque o governo não quer ver, mas já está raiando a liberdade no horizonte do Brasil.



Galera!
Escute com atenção
O nosso ato foi vitorioso
Mas o movimento
Apenas começou!
Nós fazemos parte
De uma luta nacional,
De uma luta mundial,
E não podemos parar aqui.
Por isso, é importante,
Que todo mundo que está aqui esteja às 06 horas
De quinta feira... em frente a escadaria do metrô... Da rodoviária,
Vamos seguir o movimento,
Porque a nossa luta é muito maior do que isso.
Só vamos parar
Quando a gente colocar um milhão
Dois milhões,
Três milhões,
Vinte milhões,
AQUI!!!
Pra falar pra eles 
Que não tá certo,
O que eles fazem com o nosso dinheiro,
Com a nossa saúde,
Com a nossa educação.
AMANHÃ VAI SER MAIOR.


domingo, 16 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Em Vídeo - O lado da Copa que você não viu.



Vejam o que foi feito com o povo brasileiro, nas proximidades dos estádios, para se realizar a Copa no Brasil. Ainda que seja tarde, pois os estádios bilionários já estão prontos, que fiquem as imagens como alerta, para que os brasileiros entendam de uma vez, que o governo e os poderosos, passarão em cima do que for, para atingir  os seus objetivos.





Fôlego do governo brasileiro está acabando, diz Financial Times


Jornal britânico argumenta que deterioração fiscal está minando a capacidade do Brasil de promover estímulos ao crescimento




O fôlego financeiro do governo brasileiro para tentar acelerar a economia está cada vez menor. O alerta foi feito pelo jornal britânico Financial Times em reportagem nesta sexta-feira. Ao citar o novo programa de estímulo à compra de eletrodomésticos anunciado esta semana pela presidente Dilma Rousseff, a reportagem diz que as opções da equipe econômica estão diminuindo diante de contas públicas que mostram deterioração.

"Anunciado com alarde pela presidente Dilma Rousseff, o programa 'Minha Casa Melhor' é visto pelos economistas como mais um estímulo fiscal em uma economia em dificuldades. A preocupação é que a iniciativa ocorre depois de dois anos e 300 bilhões de reais em programas fiscais que falharam consistentemente em tentar reavivar o crescimento", diz a reportagem. "Isso tem feito alguns economistas se perguntarem quantos programas desse tipo o Brasil pode pagar antes que se esgotem as opções."

Segundo o FT, iniciativas do governo "estão comendo o superávit primário, geram preocupação dos economistas e contribuíram para a Standard & Poor's piorar a perspectiva da nota brasileira para negativa".


A reportagem cita especialmente o efeito sobre o superávit primário, cuja meta é equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Ao lembrar que o governo realizou "manobras contábeis" para melhorar o resultado das contas públicas, o jornal cita que o superávit primário real do ano passado foi de 2,4% do PIB e deverá cair para 1,5% do PIB este ano. " Com uma eleição presidencial no próximo ano, o governo deve gastar mais, o que poderia reduzir o esforço fiscal ainda mais, para 0,9% em 2014", diz o texto.


Analistas ouvidos pelo diário alertam que, no caso brasileiro, superávits primários inferiores a 1,5% do PIB têm como efeito o aumento da dívida líquida do setor público. A reportagem diz ainda que "há rumores de que a presidente Dilma Rousseff anunciará nesta sexta-feira medidas fiscais".


(Com Estadão Conteúdo)

sexta-feira, 14 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Vinte centavos, a gota d'água

“Não devemos ter medo dos confrontos... até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas”.  Charles Chaplin.

Após assistir em silêncio, anos de corrupção e desvios de verbas públicas, direitos humanos violados, impunidade para bandidos e políticos, segurança, saúde e educação pública caóticas, tragédias de todos os tipos, e agora inflação em alta, aquele povo que parecia adormecido, começa enfim a despertar. Muitos pelo país afora, podem não entender, como um aumento de passagem de ônibus tenha o poder de acender este estopim. Mas, tenho certeza, não são apenas os R$ 0,20. Você pode tolerar grande opressão durante muito tempo... como aquele recipiente que pouco a pouco vai se enchendo. Até o dia que uma gota o faz transbordar.


foto: Correio Brasiliense
Protesto contra a Copa, em Brasília, hoje de manhã

Manifestações públicas devem ser voltadas a um objetivo, e este sempre tem como o principal, chamar atenção a um problema, tanto das autoridades competentes, como da opinião pública. E como desejei ver meu povo nas ruas!!  Sou da opinião, que isto seja feito pacificamente, as coisas já são difíceis como estão, e causar mais problemas, afetando outras pessoas ou depredando bens públicos ou alheios, só há de piorar, ao invés de solucionar o objetivo desejado.

Em Fortaleza, também ontem, houve protesto com cerca de 10 mil pessoas, pedindo por segurança, e não houve depredação:



Há uma grande tensão nestes protestos, especialmente em São Paulo. Sempre onde há aglomerações de pessoas, as coisas podem se tornar imprevisíveis. Ou até previsível seja, mas conter as massas, não é algo simples de se fazer. O que não acho correto, por um lado, é discriminar todas estas pessoas, porque alguns ali estavam infiltrados e causaram danos e tentar deslegitimar este protesto, como tenho visto muita gente nas redes sociais e na mídia fazendo. Incluindo os políticos envolvidos.
Uns a favor dos protestos, outros contra por causa da violência e repressão policial. O que acabou encobrindo o motivo da manifestação. Claro que tudo se transforma em política, pois afinal, sempre é política e/ou economia, não é? Mesmo quando se trata de greves.

Falando em greves, lembro lá, dos meus tempos da adolescência, aqui em São Bernardo do Campo, onde ainda moro, as greves promovidas pelos sindicatos, especialmente as de metalúrgicos. Por acaso, um dos líderes que incentivava as greves, é o ex-presidente do Brasil, Luis Inácio, onde ficou conhecido como Lula. Com apoio da CUT e do PT, entre outros. Sempre pacíficas e espontâneas, nunca expulsaram do trabalho aqueles que não queriam aderir à greve, com paus, ‘terezas’ (como chamavam panos e lençóis que amarravam fazendo um cordão) e quebra-quebra, incluindo cárcere privado dentro das automobilísticas, não permitindo nem a entrada, nem a saída dos funcionários. Nem ataque aos ônibus das empresas. Nunca houve vandalismo, nem depredação nas greves incentivadas pelo PT, todos sabem que isto é calúnia. E o que tinha por trás dessas greves... bem, deixemos para outro tema. O Ministro Cardoso, fosse Ministro da Justiça naquela época, diria o que disse ontem, colocando a disposição tropas federais para ‘coibir as manifestações’ porque ‘é a favor da democracia’, claro.

A última vez que vi a polícia começar a atirar contra e reprimir manifestações, foi momentos antes da Ditadura ser imposta no país. Na Democracia, isto não pode acontecer, Ministro Cardoso. O mesmo vale para qualquer outro governante que seja a favor desta repressão. E para a mídia também. A polícia deve sim conter o vandalismo. Mas nunca reprimir uma manifestação.


Se o movimento quer ganhar apoio da sociedade, diga NÃO ao vandalismo. No meio daquilo tudo, não poderemos saber, qual foi o lado que começou a violência. Mas a depredação havida, como mostra as fotos abaixo, eram necessárias? Sabemos que não, e sabemos também, quem é que vai pagar a conta do prejuízo.





Espero que os responsáveis mudem de idéia, e se abram ao debate. Que se apurem os abusos da polícia. Porque na Democracia, é a vontade do povo que deve prevalecer, ao contrário do que os governantes tem nos imposto, pois senão estes manifestos serão apenas conflitos, e as pessoas que demoraram tanto por sair as ruas e lutar por seus direitos, podem por fim, não ter mais como nem porque lutarem.


quarta-feira, 12 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Tudo 'sob controle' na PTlândia


Foto: O Globo

No Reino Federativo da PTlândia, o governo anuncia mais uma maneira de tentar aumentar sua popularidade, já que a mesma está em queda vertiginosa, em linha oposta à inflação.

Mesmo com a alta da inflação e do dólar, o governo Dilma, que insiste em aumentar os gastos públicos e incentivar o consumo, mostrando que até agora não aprendeu a lição, lançou hoje um novo programa: famílias de qualquer renda, que façam parte do programa Minha Casa, minha Vida, poderão obter crédito de até R$ 5 mil reais para financiar a compra de móveis e eletrodomésticos, incluindo eletrônicos.
Com juros de 5% ao ano e prazo de 48 meses para pagar, o programa foi batizado com o nome de Minha Casa Melhor.
Assim como o país fornece excelente infra-estrutura para o aumento de vendas de automóveis, com a redução do IPI dos mesmos, onde as grandes cidades não tem o trânsito caótico e as estradas são impecáveis, assim como somos auto-suficientes em petróleo,  Brasilis também oferece excelente estrutura para aumento de demanda de eletro-eletrônicos, já que há imenso potencial de fornecimento de energia elétrica.
E afinal, qual o problema de usar mais R$ 18,7 Bilhões dos cofres públicos, com dinheiro oferecido pelos contribuintes que pagam em média 40% de impostos, e,  para adquirir os mesmos produtos, pagam  juros bancários de 126% ao ano já que não podem ter os mesmos privilégios de serem financiados pelo governo? Brasil, um país de todos? PT, é realmente o partido dos Trabalhadores?

Este valor, para se ter uma idéia, poderia zerar por 3 anos a tarifa de transporte público na cidade de São Paulo. E ainda sobrariam R$ 700 milhões.

Sob as asas do governo protecionista, aumenta-se a dependência gerada pelo assistencialismo, sem nunca haver uma medida de projeção ao futuro destes e que contenha a inflação e dê segurança e estabilidade ao mercado econômico. Ao contrário. O PIB de 0,5% mostra que o país não cresce. E também não desenvolve. O Brasil está na contra-mão do mundo. Tudo o que Dilma tem conseguido em seu governo, é apavorar os investidores. E agora começa apavorar a população. Esta já está ciente  (e consciente) cada vez mais, que a inflação pregada é nada mais do que ficção, pois, ao ir aos supermercados, apenas para dar um exemplo, percebe ser ela 10 vezes maior do que a anunciada oficialmente. E agora ninguém pode mais boicotar ou se ater apenas ao tomate.

Diante das medidas do governo Dilma, deixo aqui uma pergunta aos leitores: O que nele está, realmente, ‘sob controle’?


atualizado em 13/06 às 07:20am


domingo, 9 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Venha Morrer no Brasil



Neste país maravilhoso, você tem escolha, meu amigo. Escolha sua tragédia, e venha morrer com a gente.





O governo perdeu o rumo




Uma sucessão de más notícias fez o governo perder o rumo. O PIB do primeiro trimestre foi péssimo, mais do que confirmando nossa análise neste espaço ("2013 não começou bem I e II", publicados respectivamente, em 20/01 e 17/02). Ao mesmo tempo, as pesquisas mostraram claramente que a inflação e especialmente o custo da alimentação entraram firme na vida e na preocupação das famílias, algo grave para um governo, antes de tudo, empenhado na reeleição.

Por outro lado, aceleraram-se os sinais de piora do setor externo, tanto na balança comercial como na conta corrente, o que colocou pressão sobre o real, gerando uma forte tendência de desvalorização.

A menor arrecadação, por seu turno, torna o expansionismo fiscal mais claro e complicado. Finalmente, o Congresso, pelo menos por um momento, recusou-se a aprovar tudo o que o Executivo queria.

Esses eventos aconteceram em meio a uma cada vez mais clara recuperação da economia global. Os últimos dados dos EUA (incluindo a divulgação de um volume de emprego bastante decente, gerado no mês de maio), do Japão e de vários emergentes reportam essa visão. A valorização do dólar (que reforça a pressão para o enfraquecimento do real) e a extrema sensibilidade dos mercados a qualquer sinal, vindo do Fed, de mudanças na política monetária são indicativos da aceitação pela maior parte do mercado que a economia americana está da vez mais próxima de uma fase de crescimento, algo que já tratamos por várias vezes.

Resta ainda, é verdade, o receio de que a economia chinesa possa fraquejar, não conseguindo segurar os 7,5% de crescimento do PIB em 2013. Embora esta seja uma possibilidade, não é nosso cenário base. Nele, o rebalanceamento da economia chinesa na direção de ganhos de salário real, do consumo e de mais investimentos em qualidade da água, do ar e da energia alternativa deverão continuar. A proposta de compra da Smithfield (empresa americana líder na produção de suínos) feita pela Shuanghui é um grande indicador da importância de melhorias substanciais na qualidade da alimentação demandada pela população e tão relevante nesta fase do crescimento chinês.

Em resumo, os problemas e o enfraquecimento do crescimento brasileiro não podem ser debitados ao exterior. São produtos de uma estratégia que fracassou, agravando questões que vêm se acumulando.

De fato, após o vale-tudo que foi a campanha de 2010, os excessos econômicos produziram uma piora na situação macroeconômica que se tornou clara, com pressões inflacionárias e outros desequilíbrios, que levaram a um crescimento modesto em 2011. A estratégia do governo, então, foi de relançar a economia a partir dos estímulos no consumo e da tentativa de avançar investimentos a partir da liderança do Estado, incluindo empresas estatais.

Dezesseis pacotes depois e um crescimento pífio em 2012 (0,9%), pode-se dizer que a estratégia fracassou. A demanda de consumo, ao invés de crescer, desacelerou; as exportações enfraqueceram e as importações seguem ocupando espaços cada vez maiores no mercado; o investimento público pouco avançou, os custos subiram muito e os atrasos são recorrentes (a transposição do São Francisco e a ferrovia Transnordestina são os exemplos mais acabados desses atrasos). A Petrobrás tem vivido um momento difícil com a estagnação da produção; a Eletrobrás está com o seu fluxo de caixa totalmente comprometido e não terá como funcionar direito se o Tesouro não a socorrer. Os ditos campeões nacionais não adicionaram nada de relevante para o crescimento. O PIB de 2011-2013 será um pouco maior que 2% e, por melhor que seja 2014, a média do governo Dilma será da mesma magnitude.

Hoje, certas coisas estão absolutamente claras. Três anos de crescimento próximo de 2% não representam um evento fortuito, mas uma tendência mais estrutural, passado o efeito dos grandes ganhos de preços de commodities.

Em segundo lugar, nosso problema não está na demanda, mas sim, na falta de competitividade da produção nacional. Alterar essa situação vai exigir um programa estrutural de longo fôlego e duração. Tal programa ainda não existe. Discursos salvacionistas serão solenemente ignorados pelos fatos.

Em terceiro lugar, a situação macroeconômica está desarranjada, a começar pela inflação que se mantém firme no topo da meta. O IPCA de maio mostrou que 230 dos 365 componentes do índice subiram mais que 10% nos últimos doze meses!

Isto levou o Banco Central a elevar os juros e sinalizar que vem mais por aí. Entretanto, ao mesmo tempo, as autoridades permitiram uma nova desvalorização do real, para a faixa de R$ 2,15 por dólar, o que vai pressionar a inflação, pelo menos, via alimentos. De fato, na semana terminada na última quinta-feira, o milho tinha subido 1,9% e a soja 3,8%. Para completar o quadro, o Tesouro resolveu injetar R$ 15 bilhões na infausta Valec (!!!)

A alta de juros e da inflação, a desvalorização do real e a política fiscal expansionista não se casam.

Corremos o risco de acabar por piorar um pouco mais o crescimento, a inflação, o setor externo e a dívida do governo.

Mais uma vez, o ativismo e o movimento estão tentando substituir a reflexão, com baixa taxa de sucesso.

JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS* - O Estado de S.Paulo


quinta-feira, 6 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Edital para materiais de cozinha da presidência é de R$ 139,5 mil



Pedido para reestruturar cozinha partiu após queixa da presidente Dilma Rousseff




Um edital, publicado em março deste ano, abriu concorrência para a compra de copos, talheres e panelas das cozinhas do Palácio da Alvorada (casa oficial da Presidência), e da Granja do Torto (chácara para lazer do chefe de Executivo). O valor é de R$ 139,5 mil.

O edital, de acordo com o R7, foi um pedido da presidente Dilma Rousseff, que reclamou no início de 2013 de que não tinha nem fogão para cozinhar e pediu um novo com "urgência". Diante da exigência da presidente, os assessores resolveram ir além e encomendaram a troca de todos os utensílios.

Apenas os pedidos de pratos somam R$ 17,5 mil. Eles precisam ser "queimados a temperaturas superiores a 1.250 ºC" e ter "porosidade próxima a 0%". O edital também descreve o conjunto de porta-caviar para a presidente. Precisa ser de "alta qualidade", com base de cristal e colher em prata. Foram encomendados seis deles, ao custo total de R$ 1.481,40.

Com garfos, o valor é de R$ 3.695, enquanto com as colheres, R$ 5.713. Foram exigidas ainda facas para mesa, sobremesa, para queijo, para carne, para legumes e para filetar. O total fica em R$ 8.705.

Fonte: Correio do Povo / R7



segunda-feira, 3 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Beijar a Cruz - Por Fernando Henrique Cardoso

Já passou da hora do governo do PT beijar a cruz. Afinal, muito do que ele renegou no passado e criticou no governo do PSDB passou a ser o pão nosso de cada dia da atual administração. A começar pelos leilões de concessão para os aeroportos e para a remodelação de umas poucas estradas. No início procurava mostrar as diferenças entre “nós” e “eles”, em seu habitual maniqueísmo. Nossos leilões”, diziam, visam a obter a menor tarifa para os pedágios. Ou então, afirmavam, nossos leilões mantêm a Infraero na administração dos aeroportos. Dessas “inovações” resultou que as empresas vencedoras nem sempre foram as melhores ou não fizeram as obras prometidas. Pouco a pouco estão sendo obrigados a voltar à racionalidade, como terão de fazer no caso dos leilões para a construção de estradas de ferro, cuja proposta inicial assustou muita gente, principalmente os contribuintes. Neles troca-se a vantagem de a privatização desonerar o Tesouro pela obsessão “generosa” de atrair investimentos privados com o pagamento antecipado pelo governo da carga a ser transportada no futuro…

Ainda que renitente em rever acusações feitas no passado (alguns insistem em repeti-las), a morosidade no avanço das obras de infraestrutura acabará por levar o governo petista a deixar de tentar descobrir a pólvora. Já perdemos anos e anos por miopia ideológica. O PT não conseguiu ver que os governos do PSDB simplesmente ajustaram a máquina pública e as políticas econômicas à realidade contemporânea, que é a da economia globalizada. Tomaram a nuvem por Juno e atacaram a modernização que fizemos como se fosse motivada por ideologias neoliberais e não pela necessidade de engajar o Brasil no mundo da internet e das redes, das cadeias produtivas globais e de uma relação renovada entre os recursos estatais e o capital privado.

Sem coragem para fazer autocrítica, o petismo foi pouco a pouco assumindo o programa do PSDB e agora os críticos do mais variado espectro cobram deste o suposto fato de não ter propostas para o Brasil… Entretanto, a versão modernizadora do PT é “envergonhada”. Fazem mal feito, como quem não está gostando, o que o PSDB fez e faria bem feito, se estivesse no comando.



Agora chegou a vez dos portos. Alberto Tamer –-e presto homenagem a quem faleceu deixando um legado de lucidez em suas colunas semanais-–, na última crônica que fez no Estado de S. Paulo, “Foi Fernando Henrique Cardoso que abriu os portos”, recordava o esforço, ainda no governo Itamar Franco, quando Alberto Goldman era ministro dos Transportes, para dinamizar a administração portuária, abrindo-a à cooperação com o setor privado, pela lei 8.630 de 1993. Caro custou tornar viável aquela primeira abertura quando eu assumi a Presidência. Foi graças aos esforços do contra-almirante José Ribamar Miranda Dias, com o Programa Integrado de Modernização Portuária que se conseguiu avançar.

Chegou a hora para novos passos adiante, até porque o decreto 6.620 do governo Lula aumentou a confusão na matéria, determinando que os terminais privados só embarcassem “carga própria”. Modernizar é o que está tentando fazer com atraso o governo Dilma Roussef. Mas, aos trancos e barrancos, sem negociar direito com as partes interessadas, trabalhadores e investidores, sem criar boas regras de controle público nem assumir claramente que está privatizando para aumentar a eficiência e diminuir as barreiras burocráticas. Corre-se o risco de repetir o que já está acontecendo nos aeroportos e estradas: atrasos, obras malfeitas e mais caras etc. No futuro ainda dirão que a culpa foi “da privatização”… Isso sem falar do triste episódio das votações confusas, tisnadas de suspeição e de resultado final incerto no caso da última lei dos portos.

A demora em perceber que o Brasil estava e está desafiado a dar saltos para acompanhar o ritmo das transformações globais tem sido um empecilho monumental para as administrações petistas. No caso do petróleo foram cinco anos de paralisação dos leilões. Quanto à energia em geral, a súbita sacralização do pré-sal (e correspondentemente a transformação da Petrobrás em executora geral dos projetos) levou ao descaso no apoio à energia renovável, de biomassa (como o etanol da cana de açúcar) e eólica. Mais ainda, não houve preocupação alguma com programas de poupança no uso da energia. Enfim, parecem ter assumido que, já que temos um mar de petróleo no pré-sal, para que olhar para alternativas?

Ocorre, entretanto, que a economia norte-americana parece estar saindo da crise iniciada em 2007/8 com uma revolução tecnológica (de discutíveis efeitos ambientais, é certo) que barateará o custo da extração dos hidro-carburetos e colocará novos desafios ao Brasil. A incapacidade de visão estratégica, derivada da mesma nuvem ideológica a que me referi, acrescida de um ufanismo mal colocado, dificulta redefinir rumos e atacar com precisão os gargalos que atam nossas potencialidades econômicas ao passado. Não é diferente do que ocorre com a indústria manufatureira, quando em vez de perceber que a questão é o de reengajar nossa produção nas cadeias produtivas globais e fazer as reformas que permitam isso, faz-se um política de benefícios esporádicos, ora diminuindo impostos para alguns setores, ora dando subsídios ocultos a outros, quando não culpando o desalinhamento da taxa de câmbio ou os juros altos (os quais tiveram sua dose de culpa) pela falta de competitividade de nossos produtos.

As dificuldades crescentes do governo em ver mais longe e administrar corretamente o dia-a-dia para ajustar a economia à nova fase do desenvolvimento capitalista global (como o PSDB fez na década de noventa) indicam que é tarde para beijar a cruz, até porque o petismo não parece arrependido. Melhor mudar os oficiantes nas eleições de 2014.

Fernando Henrique Cardoso
Observador Político