sexta-feira, 14 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Vinte centavos, a gota d'água

“Não devemos ter medo dos confrontos... até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas”.  Charles Chaplin.

Após assistir em silêncio, anos de corrupção e desvios de verbas públicas, direitos humanos violados, impunidade para bandidos e políticos, segurança, saúde e educação pública caóticas, tragédias de todos os tipos, e agora inflação em alta, aquele povo que parecia adormecido, começa enfim a despertar. Muitos pelo país afora, podem não entender, como um aumento de passagem de ônibus tenha o poder de acender este estopim. Mas, tenho certeza, não são apenas os R$ 0,20. Você pode tolerar grande opressão durante muito tempo... como aquele recipiente que pouco a pouco vai se enchendo. Até o dia que uma gota o faz transbordar.


foto: Correio Brasiliense
Protesto contra a Copa, em Brasília, hoje de manhã

Manifestações públicas devem ser voltadas a um objetivo, e este sempre tem como o principal, chamar atenção a um problema, tanto das autoridades competentes, como da opinião pública. E como desejei ver meu povo nas ruas!!  Sou da opinião, que isto seja feito pacificamente, as coisas já são difíceis como estão, e causar mais problemas, afetando outras pessoas ou depredando bens públicos ou alheios, só há de piorar, ao invés de solucionar o objetivo desejado.

Em Fortaleza, também ontem, houve protesto com cerca de 10 mil pessoas, pedindo por segurança, e não houve depredação:



Há uma grande tensão nestes protestos, especialmente em São Paulo. Sempre onde há aglomerações de pessoas, as coisas podem se tornar imprevisíveis. Ou até previsível seja, mas conter as massas, não é algo simples de se fazer. O que não acho correto, por um lado, é discriminar todas estas pessoas, porque alguns ali estavam infiltrados e causaram danos e tentar deslegitimar este protesto, como tenho visto muita gente nas redes sociais e na mídia fazendo. Incluindo os políticos envolvidos.
Uns a favor dos protestos, outros contra por causa da violência e repressão policial. O que acabou encobrindo o motivo da manifestação. Claro que tudo se transforma em política, pois afinal, sempre é política e/ou economia, não é? Mesmo quando se trata de greves.

Falando em greves, lembro lá, dos meus tempos da adolescência, aqui em São Bernardo do Campo, onde ainda moro, as greves promovidas pelos sindicatos, especialmente as de metalúrgicos. Por acaso, um dos líderes que incentivava as greves, é o ex-presidente do Brasil, Luis Inácio, onde ficou conhecido como Lula. Com apoio da CUT e do PT, entre outros. Sempre pacíficas e espontâneas, nunca expulsaram do trabalho aqueles que não queriam aderir à greve, com paus, ‘terezas’ (como chamavam panos e lençóis que amarravam fazendo um cordão) e quebra-quebra, incluindo cárcere privado dentro das automobilísticas, não permitindo nem a entrada, nem a saída dos funcionários. Nem ataque aos ônibus das empresas. Nunca houve vandalismo, nem depredação nas greves incentivadas pelo PT, todos sabem que isto é calúnia. E o que tinha por trás dessas greves... bem, deixemos para outro tema. O Ministro Cardoso, fosse Ministro da Justiça naquela época, diria o que disse ontem, colocando a disposição tropas federais para ‘coibir as manifestações’ porque ‘é a favor da democracia’, claro.

A última vez que vi a polícia começar a atirar contra e reprimir manifestações, foi momentos antes da Ditadura ser imposta no país. Na Democracia, isto não pode acontecer, Ministro Cardoso. O mesmo vale para qualquer outro governante que seja a favor desta repressão. E para a mídia também. A polícia deve sim conter o vandalismo. Mas nunca reprimir uma manifestação.


Se o movimento quer ganhar apoio da sociedade, diga NÃO ao vandalismo. No meio daquilo tudo, não poderemos saber, qual foi o lado que começou a violência. Mas a depredação havida, como mostra as fotos abaixo, eram necessárias? Sabemos que não, e sabemos também, quem é que vai pagar a conta do prejuízo.





Espero que os responsáveis mudem de idéia, e se abram ao debate. Que se apurem os abusos da polícia. Porque na Democracia, é a vontade do povo que deve prevalecer, ao contrário do que os governantes tem nos imposto, pois senão estes manifestos serão apenas conflitos, e as pessoas que demoraram tanto por sair as ruas e lutar por seus direitos, podem por fim, não ter mais como nem porque lutarem.


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