domingo, 7 de julho de 2013 | By: Vânia Santana

"Progressão continuada" a indústria dos analfabetos funcionais.


Muito se tem ouvido falar sobre a qualidade da Educação no Brasil,  causada pela falta de investimentos e valorização dos professores. Isso é verdade, constatada. Mas não toda a verdade.  Por isso hoje vou falar sobre o que acho o problema essencial, o pecado capital na educação do Brasil.

Sabemos que à proporção que a população aumenta, aumenta também a necessidade de serviços para sua provisão, e também neste caso, não foi acompanhada por investimentos na área. Sobram alunos e faltam escolas. Desde creches até universidades.

Então, para que se pudessem mostrar índices altos de alunos nas escolas, fabricou-se no Brasil, a chamada “progressão continuada”. Os números quantitativos aumentaram, enquanto a qualidade despencou. O Brasil encontra-se em 85º lugar no IDH (índice de desenvolvimento humano) entre 108 países (ONU). E em penúltimo lugar no índice de materiais e serviços educacionais, em pesquisa da Pearson, entre 39 países avaliados. Apenas 49,5% da população brasileira, completaram o ensino médio. Em março deste ano o PNUD (programa das Nações Unidas para o desenvolvimento) anunciou que a taxa de evasão escolar no Brasil, é a 3ª maior entre 100 países.

E por causa da evasão escolar, o Conselho Nacional de Educação (CNE) ao invés de melhorar os recursos, melhorar o material didático -  já que algumas escolas do país têm apenas lousa e giz – e aumentar o horário para integral,  decidiu baixar uma resolução recomendando às escolas da rede pública e privada que não mais reprovassem alunos matriculados nas 3 primeiras séries do ensino fundamental.

O que é mais perverso? Reprovar uma criança, ou deixá-la numa sala de aula, analfabeta?

Na verdade, o CNE não só duvida da capacidade dos professores em assistir alunos com maior dificuldade de aprendizado, como fez esta opção, para reduzir gastos com a educação.

O que vemos hoje de retratos nas escolas pelo país? Vou ser dramática, para ver se assim chama-se atenção ao problema real: as escolas estão virando um depósito de delinqüentes juvenis. Os noticiários estão repletos de cenas de depredação, de descaso e de agressão aos professores.

A reprovação, usada anteriormente, ao menos podia capacitar o aluno a rever suas atitudes na escola, e mudá-la. Havia maior cobrança e atenção dos pais para isso. O aluno passava por mérito, então não podia perder o interesse nos estudos, ou teria que recomeçar. Porque fora da escola, no mercado de trabalho, não existe progressão continuada. A seleção é árdua, e se não houver esforço será excluído. Não haverá esse ‘jeitinho’ de sistema de aprovação.

Os alunos que se beneficiam com a aprovação automática, se transformam em analfabetos funcionais. Muitos chegam à Universidade incapazes de escrever corretamente o próprio idioma e interpretar um texto. E estes serão os futuros profissionais do país.

Que futuro se espera de um país que não tem compromisso com a educação?



atualizado 08/07/2013 às 10:13h


1 Deixe seu comentário:

Marcia Cordeiro disse...

Isto não é o problema é parte dele.
Ter diplomas nesse país é tão fácil que para mim perde o significado. Os próprios professores, sua maioria, são analfabetos funcionais. Não sei se me orgulho de meus filhos ou sinto vergonha dos professores quando meus filhos os corrigem na escrita ou a própria informação que é repassada.
O comportamento os profissionais de educação é desqualificado, eles querem mais dinheiro e nenhum trabalho e estão tão cheios e autoridade e corporativismo que nada podemos fazer. Somos literalmente obrigados a enviar nossos filhos a isso que não sei dar nome mas chama e escola e retornam com a doutrinação destruidora de família.
Alfabetizei-me em casa, antes a escola e o mesmo fiz com meus filhos. Discordamos de um sistema de ensino em que só é aceito como certo quando se concorda com ele. E nós refletimos e estuamos o tempo todo.
Aprendizado é constante, não é só na escola.

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