domingo, 16 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Fôlego do governo brasileiro está acabando, diz Financial Times


Jornal britânico argumenta que deterioração fiscal está minando a capacidade do Brasil de promover estímulos ao crescimento




O fôlego financeiro do governo brasileiro para tentar acelerar a economia está cada vez menor. O alerta foi feito pelo jornal britânico Financial Times em reportagem nesta sexta-feira. Ao citar o novo programa de estímulo à compra de eletrodomésticos anunciado esta semana pela presidente Dilma Rousseff, a reportagem diz que as opções da equipe econômica estão diminuindo diante de contas públicas que mostram deterioração.

"Anunciado com alarde pela presidente Dilma Rousseff, o programa 'Minha Casa Melhor' é visto pelos economistas como mais um estímulo fiscal em uma economia em dificuldades. A preocupação é que a iniciativa ocorre depois de dois anos e 300 bilhões de reais em programas fiscais que falharam consistentemente em tentar reavivar o crescimento", diz a reportagem. "Isso tem feito alguns economistas se perguntarem quantos programas desse tipo o Brasil pode pagar antes que se esgotem as opções."

Segundo o FT, iniciativas do governo "estão comendo o superávit primário, geram preocupação dos economistas e contribuíram para a Standard & Poor's piorar a perspectiva da nota brasileira para negativa".


A reportagem cita especialmente o efeito sobre o superávit primário, cuja meta é equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Ao lembrar que o governo realizou "manobras contábeis" para melhorar o resultado das contas públicas, o jornal cita que o superávit primário real do ano passado foi de 2,4% do PIB e deverá cair para 1,5% do PIB este ano. " Com uma eleição presidencial no próximo ano, o governo deve gastar mais, o que poderia reduzir o esforço fiscal ainda mais, para 0,9% em 2014", diz o texto.


Analistas ouvidos pelo diário alertam que, no caso brasileiro, superávits primários inferiores a 1,5% do PIB têm como efeito o aumento da dívida líquida do setor público. A reportagem diz ainda que "há rumores de que a presidente Dilma Rousseff anunciará nesta sexta-feira medidas fiscais".


(Com Estadão Conteúdo)

sexta-feira, 14 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Vinte centavos, a gota d'água

“Não devemos ter medo dos confrontos... até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas”.  Charles Chaplin.

Após assistir em silêncio, anos de corrupção e desvios de verbas públicas, direitos humanos violados, impunidade para bandidos e políticos, segurança, saúde e educação pública caóticas, tragédias de todos os tipos, e agora inflação em alta, aquele povo que parecia adormecido, começa enfim a despertar. Muitos pelo país afora, podem não entender, como um aumento de passagem de ônibus tenha o poder de acender este estopim. Mas, tenho certeza, não são apenas os R$ 0,20. Você pode tolerar grande opressão durante muito tempo... como aquele recipiente que pouco a pouco vai se enchendo. Até o dia que uma gota o faz transbordar.


foto: Correio Brasiliense
Protesto contra a Copa, em Brasília, hoje de manhã

Manifestações públicas devem ser voltadas a um objetivo, e este sempre tem como o principal, chamar atenção a um problema, tanto das autoridades competentes, como da opinião pública. E como desejei ver meu povo nas ruas!!  Sou da opinião, que isto seja feito pacificamente, as coisas já são difíceis como estão, e causar mais problemas, afetando outras pessoas ou depredando bens públicos ou alheios, só há de piorar, ao invés de solucionar o objetivo desejado.

Em Fortaleza, também ontem, houve protesto com cerca de 10 mil pessoas, pedindo por segurança, e não houve depredação:



Há uma grande tensão nestes protestos, especialmente em São Paulo. Sempre onde há aglomerações de pessoas, as coisas podem se tornar imprevisíveis. Ou até previsível seja, mas conter as massas, não é algo simples de se fazer. O que não acho correto, por um lado, é discriminar todas estas pessoas, porque alguns ali estavam infiltrados e causaram danos e tentar deslegitimar este protesto, como tenho visto muita gente nas redes sociais e na mídia fazendo. Incluindo os políticos envolvidos.
Uns a favor dos protestos, outros contra por causa da violência e repressão policial. O que acabou encobrindo o motivo da manifestação. Claro que tudo se transforma em política, pois afinal, sempre é política e/ou economia, não é? Mesmo quando se trata de greves.

Falando em greves, lembro lá, dos meus tempos da adolescência, aqui em São Bernardo do Campo, onde ainda moro, as greves promovidas pelos sindicatos, especialmente as de metalúrgicos. Por acaso, um dos líderes que incentivava as greves, é o ex-presidente do Brasil, Luis Inácio, onde ficou conhecido como Lula. Com apoio da CUT e do PT, entre outros. Sempre pacíficas e espontâneas, nunca expulsaram do trabalho aqueles que não queriam aderir à greve, com paus, ‘terezas’ (como chamavam panos e lençóis que amarravam fazendo um cordão) e quebra-quebra, incluindo cárcere privado dentro das automobilísticas, não permitindo nem a entrada, nem a saída dos funcionários. Nem ataque aos ônibus das empresas. Nunca houve vandalismo, nem depredação nas greves incentivadas pelo PT, todos sabem que isto é calúnia. E o que tinha por trás dessas greves... bem, deixemos para outro tema. O Ministro Cardoso, fosse Ministro da Justiça naquela época, diria o que disse ontem, colocando a disposição tropas federais para ‘coibir as manifestações’ porque ‘é a favor da democracia’, claro.

A última vez que vi a polícia começar a atirar contra e reprimir manifestações, foi momentos antes da Ditadura ser imposta no país. Na Democracia, isto não pode acontecer, Ministro Cardoso. O mesmo vale para qualquer outro governante que seja a favor desta repressão. E para a mídia também. A polícia deve sim conter o vandalismo. Mas nunca reprimir uma manifestação.


Se o movimento quer ganhar apoio da sociedade, diga NÃO ao vandalismo. No meio daquilo tudo, não poderemos saber, qual foi o lado que começou a violência. Mas a depredação havida, como mostra as fotos abaixo, eram necessárias? Sabemos que não, e sabemos também, quem é que vai pagar a conta do prejuízo.





Espero que os responsáveis mudem de idéia, e se abram ao debate. Que se apurem os abusos da polícia. Porque na Democracia, é a vontade do povo que deve prevalecer, ao contrário do que os governantes tem nos imposto, pois senão estes manifestos serão apenas conflitos, e as pessoas que demoraram tanto por sair as ruas e lutar por seus direitos, podem por fim, não ter mais como nem porque lutarem.


quarta-feira, 12 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Tudo 'sob controle' na PTlândia


Foto: O Globo

No Reino Federativo da PTlândia, o governo anuncia mais uma maneira de tentar aumentar sua popularidade, já que a mesma está em queda vertiginosa, em linha oposta à inflação.

Mesmo com a alta da inflação e do dólar, o governo Dilma, que insiste em aumentar os gastos públicos e incentivar o consumo, mostrando que até agora não aprendeu a lição, lançou hoje um novo programa: famílias de qualquer renda, que façam parte do programa Minha Casa, minha Vida, poderão obter crédito de até R$ 5 mil reais para financiar a compra de móveis e eletrodomésticos, incluindo eletrônicos.
Com juros de 5% ao ano e prazo de 48 meses para pagar, o programa foi batizado com o nome de Minha Casa Melhor.
Assim como o país fornece excelente infra-estrutura para o aumento de vendas de automóveis, com a redução do IPI dos mesmos, onde as grandes cidades não tem o trânsito caótico e as estradas são impecáveis, assim como somos auto-suficientes em petróleo,  Brasilis também oferece excelente estrutura para aumento de demanda de eletro-eletrônicos, já que há imenso potencial de fornecimento de energia elétrica.
E afinal, qual o problema de usar mais R$ 18,7 Bilhões dos cofres públicos, com dinheiro oferecido pelos contribuintes que pagam em média 40% de impostos, e,  para adquirir os mesmos produtos, pagam  juros bancários de 126% ao ano já que não podem ter os mesmos privilégios de serem financiados pelo governo? Brasil, um país de todos? PT, é realmente o partido dos Trabalhadores?

Este valor, para se ter uma idéia, poderia zerar por 3 anos a tarifa de transporte público na cidade de São Paulo. E ainda sobrariam R$ 700 milhões.

Sob as asas do governo protecionista, aumenta-se a dependência gerada pelo assistencialismo, sem nunca haver uma medida de projeção ao futuro destes e que contenha a inflação e dê segurança e estabilidade ao mercado econômico. Ao contrário. O PIB de 0,5% mostra que o país não cresce. E também não desenvolve. O Brasil está na contra-mão do mundo. Tudo o que Dilma tem conseguido em seu governo, é apavorar os investidores. E agora começa apavorar a população. Esta já está ciente  (e consciente) cada vez mais, que a inflação pregada é nada mais do que ficção, pois, ao ir aos supermercados, apenas para dar um exemplo, percebe ser ela 10 vezes maior do que a anunciada oficialmente. E agora ninguém pode mais boicotar ou se ater apenas ao tomate.

Diante das medidas do governo Dilma, deixo aqui uma pergunta aos leitores: O que nele está, realmente, ‘sob controle’?


atualizado em 13/06 às 07:20am


domingo, 9 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Venha Morrer no Brasil



Neste país maravilhoso, você tem escolha, meu amigo. Escolha sua tragédia, e venha morrer com a gente.





O governo perdeu o rumo




Uma sucessão de más notícias fez o governo perder o rumo. O PIB do primeiro trimestre foi péssimo, mais do que confirmando nossa análise neste espaço ("2013 não começou bem I e II", publicados respectivamente, em 20/01 e 17/02). Ao mesmo tempo, as pesquisas mostraram claramente que a inflação e especialmente o custo da alimentação entraram firme na vida e na preocupação das famílias, algo grave para um governo, antes de tudo, empenhado na reeleição.

Por outro lado, aceleraram-se os sinais de piora do setor externo, tanto na balança comercial como na conta corrente, o que colocou pressão sobre o real, gerando uma forte tendência de desvalorização.

A menor arrecadação, por seu turno, torna o expansionismo fiscal mais claro e complicado. Finalmente, o Congresso, pelo menos por um momento, recusou-se a aprovar tudo o que o Executivo queria.

Esses eventos aconteceram em meio a uma cada vez mais clara recuperação da economia global. Os últimos dados dos EUA (incluindo a divulgação de um volume de emprego bastante decente, gerado no mês de maio), do Japão e de vários emergentes reportam essa visão. A valorização do dólar (que reforça a pressão para o enfraquecimento do real) e a extrema sensibilidade dos mercados a qualquer sinal, vindo do Fed, de mudanças na política monetária são indicativos da aceitação pela maior parte do mercado que a economia americana está da vez mais próxima de uma fase de crescimento, algo que já tratamos por várias vezes.

Resta ainda, é verdade, o receio de que a economia chinesa possa fraquejar, não conseguindo segurar os 7,5% de crescimento do PIB em 2013. Embora esta seja uma possibilidade, não é nosso cenário base. Nele, o rebalanceamento da economia chinesa na direção de ganhos de salário real, do consumo e de mais investimentos em qualidade da água, do ar e da energia alternativa deverão continuar. A proposta de compra da Smithfield (empresa americana líder na produção de suínos) feita pela Shuanghui é um grande indicador da importância de melhorias substanciais na qualidade da alimentação demandada pela população e tão relevante nesta fase do crescimento chinês.

Em resumo, os problemas e o enfraquecimento do crescimento brasileiro não podem ser debitados ao exterior. São produtos de uma estratégia que fracassou, agravando questões que vêm se acumulando.

De fato, após o vale-tudo que foi a campanha de 2010, os excessos econômicos produziram uma piora na situação macroeconômica que se tornou clara, com pressões inflacionárias e outros desequilíbrios, que levaram a um crescimento modesto em 2011. A estratégia do governo, então, foi de relançar a economia a partir dos estímulos no consumo e da tentativa de avançar investimentos a partir da liderança do Estado, incluindo empresas estatais.

Dezesseis pacotes depois e um crescimento pífio em 2012 (0,9%), pode-se dizer que a estratégia fracassou. A demanda de consumo, ao invés de crescer, desacelerou; as exportações enfraqueceram e as importações seguem ocupando espaços cada vez maiores no mercado; o investimento público pouco avançou, os custos subiram muito e os atrasos são recorrentes (a transposição do São Francisco e a ferrovia Transnordestina são os exemplos mais acabados desses atrasos). A Petrobrás tem vivido um momento difícil com a estagnação da produção; a Eletrobrás está com o seu fluxo de caixa totalmente comprometido e não terá como funcionar direito se o Tesouro não a socorrer. Os ditos campeões nacionais não adicionaram nada de relevante para o crescimento. O PIB de 2011-2013 será um pouco maior que 2% e, por melhor que seja 2014, a média do governo Dilma será da mesma magnitude.

Hoje, certas coisas estão absolutamente claras. Três anos de crescimento próximo de 2% não representam um evento fortuito, mas uma tendência mais estrutural, passado o efeito dos grandes ganhos de preços de commodities.

Em segundo lugar, nosso problema não está na demanda, mas sim, na falta de competitividade da produção nacional. Alterar essa situação vai exigir um programa estrutural de longo fôlego e duração. Tal programa ainda não existe. Discursos salvacionistas serão solenemente ignorados pelos fatos.

Em terceiro lugar, a situação macroeconômica está desarranjada, a começar pela inflação que se mantém firme no topo da meta. O IPCA de maio mostrou que 230 dos 365 componentes do índice subiram mais que 10% nos últimos doze meses!

Isto levou o Banco Central a elevar os juros e sinalizar que vem mais por aí. Entretanto, ao mesmo tempo, as autoridades permitiram uma nova desvalorização do real, para a faixa de R$ 2,15 por dólar, o que vai pressionar a inflação, pelo menos, via alimentos. De fato, na semana terminada na última quinta-feira, o milho tinha subido 1,9% e a soja 3,8%. Para completar o quadro, o Tesouro resolveu injetar R$ 15 bilhões na infausta Valec (!!!)

A alta de juros e da inflação, a desvalorização do real e a política fiscal expansionista não se casam.

Corremos o risco de acabar por piorar um pouco mais o crescimento, a inflação, o setor externo e a dívida do governo.

Mais uma vez, o ativismo e o movimento estão tentando substituir a reflexão, com baixa taxa de sucesso.

JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS* - O Estado de S.Paulo