sábado, 6 de abril de 2013 | By: Vânia Santana

Na era das falácias




Sempre tive muita facilidade, para me expressar através da escrita. Talvez seja uma maneira de substituir a minha incapacidade de expressão através da fala. A escrita facilita correções, uma análise melhor do que você quer dizer, pois pode revisar se ficou claro, se ficou conexo. Agora, em tempos atuais, isto também está se tornando uma dificuldade. Não é por falta de assunto, pelo contrário. É porque os tempos indicam que cada vez menos você pode falar o que pensa, e deve ser muito cuidadoso para não ser vítima da incompreensão ou do julgamento. Vá lá você me dizer que isso sempre existiu... Sim, é verdade. Mas antes, sei lá mais há quanto tempo, aquilo que você dizia ou escrevia, era tido e visto apenas como sua opinião, e não necessariamente uma ofensa pessoal. E o tal julgamento, era feito sobre isso. Sobre o que você dizia, e não sobre você. Não me diga que pode julgar uma pessoa pelo que ela fala. Pode saber o que ela pensa, e isto se o que diz for sincero, mas não quem ela é. Porque não são apenas as palavras que refletem o caráter de uma pessoa. A mim, penso que são muito mais esclarecedoras, as atitudes. Inclusive e até principalmente as pequenas, que ninguém presta muito atenção. Estas sim. Porque são as atitudes que demonstram se a pessoa é realmente coerente, e condizente com o que fala. Houve um tempo em que isso não era assim. As palavras sempre condiziam com a atitude. A palavra valia por uma assinatura.

Hoje o vento as leva...

Uma maneira de se utilizar a palavra é pela falácia. A falácia é um argumento que a lógica não sustenta, sem fundamento, não tem capacidade de comprovação eficaz naquilo que alega. Argumentos persuasivos podem parecer convincentes para a grande maioria, mas não deixam de ser falsos por causa disso.

Sinto um imenso temor pelo que estou observando no meu país, não só no convívio pessoal, como também, quando assisto ou leio jornais e, muito, nas redes sociais.

Vejo uma espécie de batalha, às vezes declarada, às vezes dissimulada, onde há uma tentativa de imporem-se opiniões, e pior que isso, comportamentos.

É democrático que você respeite manifestações e protestos. Mas não é democrático que você tenha que aceitar e concordar com eles. Não há argumentos que me façam aplaudir, para me fazer de liberal e moderna, e muito menos politicamente correta, marchas pró-maconha, se sou eu, não usuária e combatente de uso e tráfico de drogas. A legalidade da maconha para fins não medicinais, só interessa aos seus usuários, e não tenho que apoiar essa gente que acha bacana e moderno ficar dopada vez ou outra ou 24 horas por dia. Nem quem me faça ver o aborto permitido até 12 semanas, como algo normal e aceitável, quando uma bactéria na Terra ou em Marte é considerada vida. Quando luto e vejo a ciência lutar para que as pessoas tenham uma saúde melhor, para que se salve vidas. O uso e tráfico de drogas, seja qual for, é uma ESCOLHA, assim como a gravidez, exceto esta, em caso de estupro. Tenho que tolerar mulheres semi-nuas fazendo protestos públicos, achando que mostrar os seios dará credibilidade aos seus argumentos; tenho que tolerar passeatas gays onde há manifestações despudoradas de casais homos que pedem respeito e não dão nenhum, e também incluo héteros, nas ruas ou nas TVs, e nas novelas onde a censura é 12 anos, mas ao menor que a tudo isto também assiste, não é responsável se engravida ou faz engravidar, se mata ou rouba, até os 18 anos, nem que sua lista ultrapasse uma dúzia destes ‘delitos’. Tenho que tolerar políticos assaltando abertamente cofres públicos, porque desde sempre foi assim, e fazendo leis atrás de leis e emendas que cada vez mais os protegem e os favorecem. Porque uma minoria aceita tudo, ou a grande maioria, a tudo tolera e ainda segue e aplaude, tenho eu que pensar e agir igual?

Tolerância é muito diferente de aceitação. Muitas fraquezas se escondem sob a égide da tolerância. Há momentos em que a tolerância deixa de ser uma ‘virtude’. Muitos a transformam em comodismo, conformismo. E muitos se conformam, porque preferem perder a liberdade para alguém que pense e faça por eles. De preferência, o governo.

“Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade, é negá-la”. Thomas d’Aquino.

Agora, que dei minha opinião, irei eu mesma mostrar as falácias possíveis que virão decorrentes disto, apenas para exemplificar como funciona e onde ela está, para que saibam reconhecê-las por aí afora, pois pode parecer sutil:

- Vânia, seus conceitos estão ultrapassados. É melhor você rever seus conceitos. (apelo à novidade – o novo é melhor que o velho, o antigo)

- Não acredito que uma pessoa inteligente como você, pense dessa maneira. (apelo à vaidade – para me sentir envergonhada de defender esta opinião "absurda".)

- Você é cristã (evangélica, kardecista, o que seja) Uma pessoa religiosa não é capaz de argumentar racionalmente. (apelo ao preconceito)

- Se foi a Vânia que disse isso, certamente é um engodo, delírio, sem importância, etc. (Mas se vir de fulano bem sucedido, é porque faz sentido – desprezo ou ataque ao argumentador e apelo à riqueza ou fama)

- Quanto absurdo, que bobagem! (desqualificar uma argumentação, mas sem provar o contrário)

E por aí vai... A censura à liberdade de expressão está sendo imposta silenciosamente. A verdade e opinião de cada um, estão sendo omitidas, negadas, camufladas. Em breve todos estarão pensando igual. A própria mídia, com raras exceções, está consentindo isso. Na era das falácias, o melhor mesmo, é não ter opinião.




6 Deixe seu comentário:
Zinha Bergamin (@Lelezinha_09) disse...
Boa Tarde,Tata! Gostei do seu comentário!
É bem por aí;hoje em dia,quando se expressa o próprio modo de pensar,algumas pessoas nos respondem como se fôssemos inimigos!

Pois é... e a tal Democracia? é só para os governantes e os "amigos da Côrte"?

Mas o que mais me deprime,é ver a grande parte da Imprensa conivente com tudo isso! Finge que não vê os mandos e desmandos da turma que se locupletou no país! Será que os próprios jornalistas não enxergam que serão as próximas vítimas,assim que tudo estiver dominado?

Enfim,não podemos desanimar;temos que crer que,com a ajuda de Deus,ainda alguém vai virar a mesa e reverter a ditadura petista que assola o país!
Gde abç
@Lelezinha_09 (Zinha Bergamin)
ProntoFalei disse...
Vânia, não há nada mais prazeroso e que nos traga PAZ, que exercitar o DIREITO de FALAR, desabafar, por pra FORA, o que realmente nos incomoda ao nosso redor, pois temos esse direito.

Haverão outras críticas, sugestões, imposiçoes de OUTROS quanto à Sua vida, sua forma de pensar e de se posicionar... mas te digo minha querida.. LIBERDADE é TUDO de BOM, e DANE-SE quem nao faz uso dela.

PARABÉNS PELO TEXTO. TO ORGULHOSA DE VC!!

Bjs

Pri
ampg5 disse...
"A censura à liberdade de expressão está sendo imposta silenciosamente. A verdade e opinião de cada um, estão sendo omitidas, negadas, camufladas. Em breve todos estarão pensando igual. A própria mídia, com raras exceções, está consentindo isso. Na era das falácias, o melhor mesmo, é não ter opinião."
Que precisão, Vania.É isto o que mais assusta - a doutrina de Gramsci dando frutos.Textos como o seu ajudam as pessoas a acordar! Parabéns!
Crivellar_MG disse...
Querida Amiga, adorei seu texto. Quanto mais tentarem nos calar, mais devemos falar. Esta patrulha só ganhará força se a sociedade deixar. Cabe a nós, estimular aos outros que não aceitem. Seu texto é um belo exemplo disto. #TamoJunto !!
abs..
Rev. Ageu Magalhães disse...
Vânia, foi uma grata surpresa conhecer seu blog. Parabéns pelo texto. Espero que sua última frase tenha sido apenas ironia, pois, nesta era de falácias, não podemos nos render. E o seu texto é um belo exemplo disso. Abraço!
Lucìlia disse...
Vãnia, lendo esse texto entendi o que aconteceu comigo sábado quando postei um comentário no twitter e uma pessoa, dentre outras coisas, me chamou de venenosa, que eu não era católica de verdade. Achei estranha a maneira com que, ela discordou de minha opinião. Agora entendi. Por falta de argumentos reais ela me desqualificou.
Excelentes textos! Parabéns! Bjs

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