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sexta-feira, 21 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

'Revolução dos 20 centavos' mostra que fantasia acabou, diz Financial Times


Um editorial publicado nesta quinta-feira no diário britânico Financial Times diz que os maiores protestos de rua vividos no Brasil nos últimos 20 anos mostram que os brasileiros se deram conta de que o "glorioso novo país" propagado pelo governo seria uma "fantasia".





"A revolução dos 20 centavos mostra que a fantasia acabou" diz o jornal, citando que "espetaculares 10 anos de crescimento" tiraram "cerca de 30 milhões de pessoas da pobreza" com novas demandas que não foram atendidas.

A chamada nova classe média, diz o jornal, "pode consumir como nunca", mas "as mudanças sociais em outros setores não acompanharam as demandas desta nova classe, ainda precária".

O editorial cita que "não há problema" em cultivar a imagem global do Brasil com investimentos de US$ 12 bilhões em estádios de futebol, mas "não quando a vida é tão dura para a maioria".

"Eles pagam impostos iguais aos de primeiro mundo e recebem em troca serviços públicos de má qualidade de países em desenvolvimento".

"Ônibus lotados e tráfego pesado tornam as viagens diárias caras e um desperdício de tempo. A corrupção do governo prevalece."

Para o FT, os brasileiros tentam se posicionar "entre o Brasil 'velho' que teriam deixado para trás e o glorioso Brasil 'novo' que o governo diz ser o país em que vivem".

"Isso talvez esteja em sintonia com uma tendência que corre entre os investidores: a de que o modelo brasileiro chegou ao seu limite".

"Em toda América do Sul, cidadãos estão fartos de ouvir como as coisas são boas", diz o FT, acrescentando que os protestos no Brasil vão causar preocupações nos mercados financeiros a respeito dos mercados emergentes como um todo e podem indicar que a "salada política dos velhos dias e o dinheiro fácil do passado podem estar chegando ao fim".


Daily Telegraph

Em um artigo de opinião, intitulado "Apesar do boom das commodities, o Brasil está perto de entrar em ebulição", o jornal britânico Daily Telegraph diz que a frustração que desencadeou os protestos no país se explica pelo fato de as pessoas "terem perdido fé no processo político", a exemplo do que ocorreu em outros países da região.

O texto, assinado por Daniel Hannanfaz, faz uma retrospectiva dos acontecimentos políticos nos países da América do Sul, que, nas últimas três décadas saíram de ditaduras militares, passaram por governos neoliberais que "desperdiçaram suas chances e, em desespero, optaram pela esquerda populista".

"Hugo Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, Cristina Kirchner na Argentina e Luiz Inácio Lula da Silva, padrinho carismático de Dilma Rousseff, no Brasil".

Segundo o texto, este modelo funcionou durante um tempo.

"As pessoas preferiam eleger os populistas simplesmente pelo fato de que não eram da velha oligarquia. Mas mais cedo ou mais tarde, como acontece com muitos governos socialistas, o dinheiro acaba".

"Esse momento chegou para o Brasil e os brasileiros sentem isso".


BBC Brasil


terça-feira, 18 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Já está raiando a liberdade no horizonte do Brasil




O ano era de 1984. Uma passeata sai do Vale do Anhangabaú até a Praça da Sé, em São Paulo. O dia 16 de Abril daquele ano, marca a maior manifestação pública na história do Brasil, com 1,5 milhão de pessoas, pedindo pelo direito de votar para Presidente. O movimento, Diretas Já.




Para reprimir as manifestações populares, durante o mês de abril de 1984, o então presidente João Figueiredo aumentou a censura sobre a imprensa e ordenou prisões. Houve violência policial. Apesar da rejeição da Emenda Dante de Oliveira na Câmara dos Deputados, o movimento pelas "Diretas Já" teve grande importância na redemocratização do Brasil. Suas lideranças passaram a formar a nova elite política brasileira. O processo de redemocratização termina com a volta do poder civil em 1985, com a aprovação de uma nova Constituição Federal em 1988 e com a realização das eleições diretas para Presidente da República em 1989, cinco anos depois da manifestação.

1992. O Brasil vai novamente as ruas, de caras pintadas, pedindo o impeachment do então presidente Collor, o “caçador de marajás”. Foi o primeiro processo de impeachment da América Latina, porém antes de aprovado, Fernando Collor renunciou, o que o fez tornar-se inelegível até o ano de 2000.



Vinte anos se passaram, com pequenos movimentos populares reivindicando nas cidades do Brasil, através de passeatas, a atenção dos governantes e da mídia, para se acabar com a corrupção, para melhoria da educação e salários dos professores, pela melhoria da saúde pública, pela Justiça e segurança. Juntou-se a isso a força das redes sociais, que inclusive colheu 1,5 milhões de assinaturas, pedindo a cassação do presidente eleito pelo Senado, Renan Calheiros. Nem as manifestações de rua, que não conseguiam juntar muito mais do que 5 mil pessoas, nem o abaixo assinado com milhões de assinaturas, foi o suficiente para chamar atenção, se fazer a vontade do povo ou sensibilizar os poderosos, que cada dia mais, usurpam do dinheiro público para satisfazer seus desmandos e continuam impunes, passando em cima da Constituição, do Estado de Direito e da Democracia.

E após vinte anos, onde especialmente nos últimos 10 anos governo, os 'ilícitos' tomaram uma amplitude desmedida, juntando a isso uma impunidade decorrente, a ponto de condenados pelo STF, que deveria ser última estância jurídica,  poder recorrer de crimes como formação de quadrilha, peculato, desvio de verba pública, entre outros, como foi o “mensalão”, e ainda estarem estes em exercício no poder, mais a tentativa de tirar o poder do MPF investigar estes casos, com a PEC 37, mais a PEC 33, que pretende tirar do STF o poder e dá-lo ao Congresso, mais a inflação em alta, mais os juros e dólar em alta, mais o crescimento pífio do PIB do Brasil, mais o tráfico de influência exercido pela secretária da Presidência, Rosemary Noronha, mais o gasto descomunal com uma Copa e Cartões Corporativos e com o Congresso... mais os crimes violentos e bárbaros praticados por menores, mais os 50 mil assassinatos/ano,  mais o aumento de programas sociais, mais a situação da Petrobrás, da Eletrobrás, dos portos e aeroportos, mais a seca do Nordeste, a Transposição e desvios eternos do São Francisco,  mais as doações de dinheiro do brasileiro para países estrangeiros, mais os favorecimentos à empreiteiras do BNDES .... Somando-se a isso 0,20 centavos de real, no aumento do transporte público de péssima qualidade, milhares de brasileiros voltam as ruas... e os políticos não entendem,  como disse ontem  o Ministro Gilberto Carvalho,  o que está ocorrendo.... Porque o povo não deu um nome, e porque o povo não tem um líder para direcioná-los... Para lutar por uma causa...???




O que o PT precisa entender, é que seu projeto já se esgotou. Não fez nenhuma reforma política nem econômica significativa que impulsionasse o país. Não será apenas aumentando o assistencialismo que o Brasil irá crescer, nem terá futuro. Bater infinitamente na tecla de que governa para o povo e para os pobres, já não engana mais a ninguém. Nem a ingleses, nem a brasileiros.

É hora de mudanças. Porque o governo não quer ver, mas já está raiando a liberdade no horizonte do Brasil.



Galera!
Escute com atenção
O nosso ato foi vitorioso
Mas o movimento
Apenas começou!
Nós fazemos parte
De uma luta nacional,
De uma luta mundial,
E não podemos parar aqui.
Por isso, é importante,
Que todo mundo que está aqui esteja às 06 horas
De quinta feira... em frente a escadaria do metrô... Da rodoviária,
Vamos seguir o movimento,
Porque a nossa luta é muito maior do que isso.
Só vamos parar
Quando a gente colocar um milhão
Dois milhões,
Três milhões,
Vinte milhões,
AQUI!!!
Pra falar pra eles 
Que não tá certo,
O que eles fazem com o nosso dinheiro,
Com a nossa saúde,
Com a nossa educação.
AMANHÃ VAI SER MAIOR.


sexta-feira, 14 de junho de 2013 | By: Vânia Santana

Vinte centavos, a gota d'água

“Não devemos ter medo dos confrontos... até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas”.  Charles Chaplin.

Após assistir em silêncio, anos de corrupção e desvios de verbas públicas, direitos humanos violados, impunidade para bandidos e políticos, segurança, saúde e educação pública caóticas, tragédias de todos os tipos, e agora inflação em alta, aquele povo que parecia adormecido, começa enfim a despertar. Muitos pelo país afora, podem não entender, como um aumento de passagem de ônibus tenha o poder de acender este estopim. Mas, tenho certeza, não são apenas os R$ 0,20. Você pode tolerar grande opressão durante muito tempo... como aquele recipiente que pouco a pouco vai se enchendo. Até o dia que uma gota o faz transbordar.


foto: Correio Brasiliense
Protesto contra a Copa, em Brasília, hoje de manhã

Manifestações públicas devem ser voltadas a um objetivo, e este sempre tem como o principal, chamar atenção a um problema, tanto das autoridades competentes, como da opinião pública. E como desejei ver meu povo nas ruas!!  Sou da opinião, que isto seja feito pacificamente, as coisas já são difíceis como estão, e causar mais problemas, afetando outras pessoas ou depredando bens públicos ou alheios, só há de piorar, ao invés de solucionar o objetivo desejado.

Em Fortaleza, também ontem, houve protesto com cerca de 10 mil pessoas, pedindo por segurança, e não houve depredação:



Há uma grande tensão nestes protestos, especialmente em São Paulo. Sempre onde há aglomerações de pessoas, as coisas podem se tornar imprevisíveis. Ou até previsível seja, mas conter as massas, não é algo simples de se fazer. O que não acho correto, por um lado, é discriminar todas estas pessoas, porque alguns ali estavam infiltrados e causaram danos e tentar deslegitimar este protesto, como tenho visto muita gente nas redes sociais e na mídia fazendo. Incluindo os políticos envolvidos.
Uns a favor dos protestos, outros contra por causa da violência e repressão policial. O que acabou encobrindo o motivo da manifestação. Claro que tudo se transforma em política, pois afinal, sempre é política e/ou economia, não é? Mesmo quando se trata de greves.

Falando em greves, lembro lá, dos meus tempos da adolescência, aqui em São Bernardo do Campo, onde ainda moro, as greves promovidas pelos sindicatos, especialmente as de metalúrgicos. Por acaso, um dos líderes que incentivava as greves, é o ex-presidente do Brasil, Luis Inácio, onde ficou conhecido como Lula. Com apoio da CUT e do PT, entre outros. Sempre pacíficas e espontâneas, nunca expulsaram do trabalho aqueles que não queriam aderir à greve, com paus, ‘terezas’ (como chamavam panos e lençóis que amarravam fazendo um cordão) e quebra-quebra, incluindo cárcere privado dentro das automobilísticas, não permitindo nem a entrada, nem a saída dos funcionários. Nem ataque aos ônibus das empresas. Nunca houve vandalismo, nem depredação nas greves incentivadas pelo PT, todos sabem que isto é calúnia. E o que tinha por trás dessas greves... bem, deixemos para outro tema. O Ministro Cardoso, fosse Ministro da Justiça naquela época, diria o que disse ontem, colocando a disposição tropas federais para ‘coibir as manifestações’ porque ‘é a favor da democracia’, claro.

A última vez que vi a polícia começar a atirar contra e reprimir manifestações, foi momentos antes da Ditadura ser imposta no país. Na Democracia, isto não pode acontecer, Ministro Cardoso. O mesmo vale para qualquer outro governante que seja a favor desta repressão. E para a mídia também. A polícia deve sim conter o vandalismo. Mas nunca reprimir uma manifestação.


Se o movimento quer ganhar apoio da sociedade, diga NÃO ao vandalismo. No meio daquilo tudo, não poderemos saber, qual foi o lado que começou a violência. Mas a depredação havida, como mostra as fotos abaixo, eram necessárias? Sabemos que não, e sabemos também, quem é que vai pagar a conta do prejuízo.





Espero que os responsáveis mudem de idéia, e se abram ao debate. Que se apurem os abusos da polícia. Porque na Democracia, é a vontade do povo que deve prevalecer, ao contrário do que os governantes tem nos imposto, pois senão estes manifestos serão apenas conflitos, e as pessoas que demoraram tanto por sair as ruas e lutar por seus direitos, podem por fim, não ter mais como nem porque lutarem.


sábado, 20 de abril de 2013 | By: Vânia Santana

Entre a globalização da idiotia ou a pátria livre


Ahhh, as redes sociais!! Esse mundo virtual onde a gente pode observar como pensam e como agem todas as culturas e raças de todas as idades do mundo! E tudo o que está acontecendo nele, a globalização, a revolução mundial que a internet propiciou, é uma coisa incrível. Desde que pude ter internet, apesar de ser uma das piores e mais caras do mundo, como tantos e a maioria dos serviços de Pindorama, a TV passou a ter um papel secundário, quase inexistente em minha vida. Até porque os programas de TV brasileira, continuam a mesma porcaria, pra não dizer piores, agora transmitidos em alta qualidade de imagem. A desinformação, o vazio e o inútil via full HD. O controle remoto só nos salva da programação do canal aberto, usando o botão 'off'. Já as propagandas, mesmo as de merchandising subliminar nos filmes e nas novelas, estas são inteligentes, na maioria. Dá gosto de ver! Tanto que conseguem fazer as pessoas desejarem trocar de carro, comprar aquele shampoo milagroso que sabemos que não vai deixar nossos cabelos como das modelos saídas do salão de beleza direto pra telinha, usar aquela cor de esmalte/roupa/sapato que a artista da novela usa e faz virar referência de moda, ou comprar aquele smartphone que custa cinco vezes mais do que vale no local de origem, em 12 vezes sem juros visíveis, mas embutidos junto com os  impostos, também, mais caros do mundo. Tudo perfeitamente articulado, meticulosamente estudado, criado e dirigido, com um único objetivo. E tanto a programação, quanto as propagandas, o cumprem. Soubessem todos quem são os proprietários dos canais de rádio e tv's, revistas e jornais, bem como seus anunciantes e patrocinadores, já poderiam fazer uma idéia melhor de qual é este objetivo.



Não que na internet a gente esteja livre disso. Como disse antes, ela reflete o mundo fora da telinha, e às vezes precisamos caçar algo que não subestime nossa inteligência, além de aguçar o senso de responsabilidade, dos que a tem, porque na internet a informação viaja a longas distâncias com a velocidade de milhares de megabytes. E nosso computador de cada dia não pode distinguir o que é verdade ou o que é mentira, apesar do avanço da inteligência artificial. Nem o que é inteligente, relevante ou não. Se alguém duvida disso, é só perguntar para uma tal Luíza que esteve no Canadá, ou para o criador de um tal 'lek lek' usado agora até em propaganda de uma marca de automóvel. No Brasil, o que me deixa mais animada ainda, é quando olho o Trend Topic (os assuntos mais comentados) do Twitter. É de fazer gosto... a qualquer desgosto!! Agora mesmo, enquanto escrevo este texto, o trend é este aqui:




Não é digno do termo 'WTF?' ??? (what's the fuck? - tradução livre = 'que m* é essa?)

Lá no Egito, as redes sociais foram usadas para uma revolução, a chamada Primavera Árabe. Na Venezuela, o opositor Henrique Capriles, a utilizou para fazer campanha. Os venezuelanos, que o apoiaram, também fizeram seus protestos e chamados para a campanha de Capriles via Twitter. O comício de Capriles, através das redes sociais, levou 1,5 milhão de pessoas às ruas. Apesar disso, e mesmo com protestos e provas de fraude nas eleições, Maduro ontem tomou posse como presidente. Por que isto aconteceu? Porque existem pessoas, a grande maioria, que não consegue ver onde e como é manipulado. Quer um exemplo? Observe:






Desejo de coração que todos leitores deste blog tenham percebido aí, a manipulação da TV venezuelana.


Dia 18, na Argentina, as redes sociais levaram 1 milhão de pessoas a protestar em frente a Casa Rosada, contra o governo de Cristina Kirchner. Pelo Facebook, os indignados.com.org e pelo twitter, através das tags #18A (18 de Abril) e #AntiK (anti Kirchner). Soube disso uma semana antes, porque uma seguidora argentina no twitter me contou, e usaram o #AntiK para não serem monitorados. E como aqueles que não desejam para os outros, aquilo que não querem para si, tanto eu como ela, estávamos no twitter em campanha a favor pela eleição de Capriles.

Não é segredo o modus operandis desta turma da esquerda ditadora disfarçada de democracia. Todos são censores de meios de comunicação que não são a eles favoráveis. Mas a internet ainda não foi alcançada, não como desejam muitos deles, salvo em Cuba ou na Coréia do Norte, onde a ditadura já é completa.

E foi a união dos blogueiros e ativistas patriotas, que organizaram esta beleza que vemos na foto:







Brasil!!! "Hora est iam nos de somno surgere!" - Já é hora de levantarmos de nossa inércia!!

Esta frase de São Paulo poderia causar efeito nos brasileiros. Mas não causa. Não será uma frase a causar, já que tudo o que tem acontecido no país, a farra da república, o descaso com a saúde e a educação, a seca no nordeste, as enchentes, não causa. A impunidade, a corrupção, a violência, os altos impostos, a volta da inflação. O Brasil tem estado nos últimos lugares em rankings mundiais de maior importância para uma nação. E lidera quando se trata do pior. Mas nada tira o cidadão da zona de conforto.

Sou uma indignada.com.br. 'Indignada com o Brasil' que vejo. Indignada com o país em que vivo, que não é mais o meu país. Com brasileiros que não são brasileiros, apenas lembram disso quando preenchem a nacionalidade em documentos, ou na vitória dos esportes. E desfilam com a bandeira cuja pátria não honram. Chego a ter vergonha de ser brasileira. E sei, pelo que me dizem, que muitos se sentem assim. E apesar dos trends ali de cima, uma minoria da qual faço parte, ainda deseja outro futuro para este país. Talvez aqueles que também têm saudades de um tempo que não volta mais. De uma juventude, embalada por Geraldo Vandré, onde um dia, uma minoria também de patriotas, lutaram e morreram pela liberdade deste país: "Vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
Entre a globalização da idiotia ou a pátria livre, sabíamos - e ainda sabemos -  qual escolher.






terça-feira, 16 de abril de 2013 | By: Vânia Santana

O Brasil dos ignorantes pluralíticos



‘Não adianta reclamar’. Pensa a pessoa que está a 30 minutos na fila do banco. À sua frente, ainda tem pelo menos umas 20 pessoas. Que também não reclamam.
‘Não adianta reclamar’. Pensa o idoso que está em pé no ônibus lotado, enquanto um jovem ocupando seu lugar reservado por direito, ignora o idoso.

As pessoas não reclamam se percebem um preço diferente na nota do que estava na prateleira do supermercado. Se percebe um produto vencido. Se percebe que mesmo não estando vencido, um litro de leite na caixa comprada estava azedo."Vou gastar muito mais tempo/dinheiro/gasolina indo lá reclamar do que engolindo o prejuízo"

A primeira vez que fui assaltada, foi em frente a uma lanchonete na Av. Paulista, por um menor. Na verdade, uma menor. Embora a menor não estivesse armada e na lanchonete várias pessoas viram a cena, continuaram tomando o seu café. Assistiram minha luta quando tentou tirar uma pulseira e o relógio. A pulseira chegou a cair no chão. Ela pegou e saiu andando. Sequer uma pessoa interferiu pra ajudar ou veio ver se eu estava bem. Assistiram passivos como se estivessem vendo a cena na TV. De mais uma vítima de um trombadinha drogado. (ah, se apenas um tivesse feito isso, em volta de mim surgiria uma rodinha de indignados, certamente)

Confesso que chego a me sentir alienígena, quando saio para passear com minha dog. Sempre levo um saquinho pra recolher seu “cocô”. E me desvio no caminho de uma dúzia deles. E quando vejo diversos saquinhos com as fezes recolhidas nas árvores do bairro, quando levo o meu pra casa e jogo no lixo. Sei que estas pessoas, que não recolhem, ou que embora o façam depositam os mesmos nas árvores, pensam assim: “se o outro não faz, por que eu vou fazer?”. Aos poucos se perde a noção de cidadania e respeito com a 'coisa' pública. O patrimônio de todos nós.

Em todos estes exemplos acima, você pode perceber que as pessoas sempre ficam esperando que alguém faça alguma coisa. Sempre se espera que a decisão venha de fora.
Isso ocorre quando um cidadão age de acordo com aquilo que os outros pensam, e não por aquilo que ele acha correto fazer. O ‘não adianta reclamar’, ‘isso não vai dar em nada’ e o ‘ninguém faz isso’ leva-se a inércia da difusão da responsabilidade. Ninguém diz nada e conseqüentemente nada é feito.

O fato é que os brasileiros são ignorantes pluralíticos. A ‘ignorância pluralítica’ é um termo da psicologia, que explica: As pessoas podem até ter uma opinião diferente da maioria, mas concordam e agem como se tivessem a mesma do grupo.

A corrupção dos políticos, o aumento de impostos, o descaso nos hospitais, as filas imensas nos bancos e a violência diária raramente levam pessoas a reagir, a protestar, e menos ainda fazer isto indo às ruas. É uma apatia e uma cultura ao silêncio, inacreditável.

Brasileiro não reclama. Não a quem devia. Não protesta, mesmo sendo lesado. Enquanto continuar omisso e fazendo piadinhas com coisas que deveriam levar muito a sério, continuará o Brasil como na época da Colônia, e continuarão os brasileiros sendo indefinidamente explorados.






domingo, 3 de fevereiro de 2013 | By: Vânia Santana

Brasil, verás que um filho teu não foge à luta?



Enquanto seguimos armados de teclados e mouses,  desabafando nossas desilusões, enchendo as páginas da internet com nossos blogs  e usando as redes sociais, onde expomos nossa incapacidade de reunir um numero expressivo de patriotas para irmos às ruas e exigir a moralidade e ética do poder público, forçando uma tomada de posição da parte que não está hipnotizada para salvarmos nossa pátria, os gananciosos pelo poder e dinheiro, avançam a passos largos rumo aos seus objetivos e conquistas.

Eles estão em toda parte, mas não chegaram lá por acaso.
Estão lá, eleitos e reeleitos pelo voto, e não porque foi a vontade daquele que sempre dizemos que é Brasileiro..
Nascidos no Brasil, muitos são os que se lembram que são brasileiros, e se orgulham disso, apenas no momento em que torcem pela vitória de um atleta ou seleção esportiva que representa a bandeira verde e amarela. Estes são em número o suficiente para fazer com que todo o restante tenha que sofrer as conseqüências de suas escolhas.
Porque assim funciona a Democracia, onde a maioria decide por todos.
Mesmo que sejam aqueles que não se informam, não se importam, não tem memória e de nada disso fazem questão. Sejam os iludidos pelas promessas de campanhas, pelas propagandas, pelas vozes sedutoras, jamais procuram se informar da verdade...Sejam os que vendem seu voto, e tanto faz o valor que recebem...e sejam os outros tantos que o anulam ou votam em branco, achando que estão protestando, mas não enxergam que estão sendo omissos. Porque deram aos outros a responsabilidade de escolher por eles.  E depois disso ainda se acham no direito de reclamar de qualquer coisa. Do aumento dos alimentos, do aluguel, do combustível. Das tragédias ambientais. Da Educação, da Saúde Pública. Dos impostos. E reclamam dos serviços públicos, porque se dizem cidadãos que pagam impostos. Não vêem que não são cidadãos. São apenas contribuintes.
Muitos não contratariam um funcionário que estivesse com nome no SPC, ainda que fosse pela infelicidade de não poder ter pagado uma conta, porque ficou desempregado. Muitos não conseguem crédito ou emprego por este motivo. Mas elegem sem nenhuma verificação ou até com conhecimento, pessoas com processos criminais, que governarão o país com o dinheiro público que pertence a todos os seres da nação para ser usado em seu benefício.

Fiz um levantamento de parlamentares em exercício, e que estão sob investigação, e quais  os inquéritos e ações penais que respondem, que rendeu 14 páginas, somente com deputados e senadores.  Um chega a ter 17 processos abertos por 5 crimes diferentes. Possivelmente precisará atualizações diárias. Veja a lista clicando aqui. Todos têm direito a presunção da inocência, por certo. Mas sabemos que nem por isso todos são inocentes ou se transformam em inocentes por eficiência de advogados e promotores. Ou por processos engavetados. E se o ficha limpa tivesse sido aprovado com a intenção primária, qualquer candidato que tivesse processo não poderia sequer concorrer, menos ainda exercer mandato.

E enquanto a população padece das mais diversas necessidades, bilhões são desviados do dinheiro público para satisfazer objetivos e interesses próprios dos que estão no poder.
E como são eles os que fazem as leis, estão protegidos pela impunidade. Pela renúncia. Nem o ficha limpa os alcança, em sua maioria, pois por pior que seja a acusação, se não tiver sido julgado e condenado, se manterão lá, até o último recurso. Alguns, mesmo condenados pelo STF, ainda estão. Isto significa, que pela morosidade de nossa Justiça, um processado ou réu pode se eleger e exercer um mandato inteiro ou mais de um, sem ser impugnado.

É a política a ciência que muda o caráter das pessoas? Um dia, cedo ou tarde demais, descobrirão que a política apenas potencializa o caráter inato de quem a exerce. Para o bem ou para o mal.
Descobrirão que a qualidade do que há hoje no poder, é aquela que a maioria do povo decidiu ter e aceitar.
Um povo que já foi às ruas aos milhões, pedir pelo direito de voto, no Diretas Já.
Um povo que já foi às ruas pedir o impeachment de um presidente.
Se os políticos são todos iguais, na opinião de uns,  já o povo, este não é mais o mesmo.
Aos que ainda se indignam, por amor próprio ou a este chão, e ainda tem alguma fé, só resta pedir ao Criador que tenha piedade e lance sobre o Brasil uma tempestade de coragem e patriotismo.





'Sinto vergonha de mim, por ter sido educador de parte deste povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade, e por ver este povo já chamado varonil, enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim, por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o ‘eu’ feliz a qualquer custo, buscando a tal ‘felicidade’ em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos ‘floreios’ para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre ‘contestar’, voltar atrás e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer…
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor, ou enrolar o meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo deste mundo!
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude. A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto’.
Rui Barbosa