segunda-feira, 11 de março de 2013 | By: Vânia Santana

A morte do caudilho - por Marcos Vargas Llosa



O comandante Hugo Chávez Frías pertencia à robusta tradição dos caudilhos que, embora mais presentes na América Latina que em outras partes, não deixaram de se assomar a toda parte, até em democracias avançadas, como a França. Ela revela aquele medo da liberdade que é uma herança do mundo primitivo, anterior à democracia e ao indivíduo, quando o homem ainda era massa e preferia que um semideus, ao qual cedia sua capacidade de iniciativa e seu livre-arbítrio, tomasse todas as decisões importantes de sua vida.

Cruzamento de super-homem e bufão, o caudilho faz e desfaz a seu bel prazer, inspirado por Deus ou por uma ideologia na qual, quase sempre, se confundem o socialismo e o fascismo ─ duas formas de estatismo e coletivismo ─ e se comunica diretamente com seu povo mediante a demagogia, a retórica, a espetáculos multitudinários e passionais de cunho mágico-religioso.

Sua popularidade costuma ser enorme, irracional, mas também efêmera, e o balanço de sua gestão, infalivelmente catastrófico. Não devemos nos impressionar em demasia pelas multidões chorosas que velam os restos de Hugo Chávez. São as mesmas que estremeciam de dor e desamparo pela morte de Perón, de Franco, de Stalin, de Trujillo e as que, amanhã, acompanharão Fidel Castro ao sepulcro.

Os caudilhos não deixam herdeiros e o que ocorrerá a partir de agora na Venezuela é totalmente incerto. Ninguém, entre as pessoas de seu entorno, e certamente em nenhum caso Nicolás Maduro, o discreto apparatchik a quem designou seu sucessor, está em condições de aglutinar e manter unida essa coalizão de facções, de indivíduos e de interesses constituídos que representa o chavismo, nem de manter o entusiasmo e a fé que o defunto comandante despertava com sua torrencial energia nas massas da Venezuela.

Uma coisa é certa: esse híbrido ideológico que Hugo Chávez urdiu chamado revolução bolivariana ou socialismo do século 21, já começou a se decompor e desaparecerá, mais cedo ou mais tarde, derrotado pela realidade concreta: a de uma Venezuela, o país potencialmente mais rico do mundo, ao qual as políticas do caudilho deixaram empobrecido, dividido e conflagrado, com a inflação, a criminalidade e a corrupção mais altas do continente, um déficit fiscal que beira a 18% do PIB e as instituições ─ as empresas públicas, a Justiça, a imprensa, o poder eleitoral, as Forças Armadas ─ semidestruídas pelo autoritarismo, a intimidação e a submissão.

Além disso, a morte de Chávez coloca um ponto de interrogação na política de intervencionismo no restante do continente latino-americano que, num sonho megalomaníaco característico dos caudilhos, o comandante defunto se propunha a tornar socialista e bolivariano a golpes de talão de cheques. Persistirá esse fantástico dispêndio dos petrodólares venezuelanos que fizeram Cuba sobreviver com os 100 mil barris diários que Chávez praticamente presenteava a seu mentor e ídolo Fidel Castro? E os subsídios e as compras de dívida de 19 países, aí incluídos seus vassalos ideológicos como o boliviano Evo Morales, o nicaraguense Daniel Ortega, as Farc colombianas e os inúmeros partidos, grupos e grupelhos que por toda a América Latina lutam para impor a revolução marxista?

O povo venezuelano parecia aceitar esse fantástico desperdício contagiado pelo otimismo de seu caudilho, mas duvido que o mais fanático dos chavistas acredite agora que Maduro possa vir a ser o próximo Simon Bolívar. Esse sonho e seus subprodutos, como a Aliança Bolivariana para as América (Alba), integrada por Bolívia, Cuba, Equador, Dominica, Nicarágua, San Vicente e Granadinas, Antígua e Barbuda, sob a direção da Venezuela, já são cadáveres insepultos.

Nos 14 anos que Chávez governou a Venezuela, o preço do barril de petróleo ficou sete vezes mais caro, o que fez desse país, potencialmente, um dos mais prósperos do planeta. No entanto, a redução da pobreza nesse período foi menor que a verificada, por exemplo, no Chile e no Peru no mesmo período. Enquanto isso, a expropriação e a nacionalização de mais de um milhar de empresas privadas, entre elas 3,5 milhões de hectares de fazendas agrícolas e pecuárias, não fez desaparecer os odiados ricos, mas criou, mediante o privilégio e o tráfico, uma verdadeira legião de novos ricos improdutivos que, em vez de fazer progredir o país, contribuiu para afundá-lo no mercantilismo, no rentismo e em todas as demais formas degradadas do capitalismo de Estado.

Chávez não estatizou toda a economia, como Cuba, e nunca fechou inteiramente todos os espaços para a dissidência e a crítica, embora sua política repressiva contra a imprensa independente e os opositores os reduziu a sua expressão mínima. Seu prontuário no que respeita aos atropelos contra os direitos humanos é enorme, como recordou, por ocasião de seu falecimento, uma organização tão objetiva e respeitável como a Human Rights Watch.

É verdade que ele realizou várias consultas eleitorais e, ao menos em algumas delas, como a última, venceu limpamente, se a lisura de uma eleição se mede apenas pelo respeito aos votos depositados e não se leva em conta o contexto político e social no qual ela se realiza, e na qual a desproporção de meios à disposição do governo e da oposição era tal que ela já entrava na disputa com uma desvantagem descomunal.

No entanto, em última instância, o fato de haver na Venezuela uma oposição ao chavismo que na eleição do ano passado obteve quase 6,5 milhões de votos é algo que se deve, mais do que à tolerância de Chávez, à galhardia e à convicção de tantos venezuelanos que nunca se deixaram intimidar pela coerção e as pressões do regime e, nesses 14 anos, mantiveram viva a lucidez e a vocação democrática, sem se deixar arrebatar pela paixão gregária e pela abdicação do espírito crítico que o caudilhismo fomenta.

Não sem tropeços, essa oposição, na qual estão representadas todas as variantes ideológicas da Venezuela está unida. E tem agora uma oportunidade extraordinária para convencer o povo venezuelano de que a verdadeira saída para os enormes problemas que ele enfrenta não é perseverar no erro populista e revolucionário que Chávez encarnava, mas a opção democrática, isto é, o único sistema capaz de conciliar a liberdade, a legalidade e o progresso, criando oportunidades para todos em um regime de coexistência e de paz.

Nem Chávez nem caudilho algum são possíveis sem um clima de ceticismo e de desgosto com a democracia como o que chegou a viver a Venezuela quando, em 4 de fevereiro de 1992, o comandante Chávez tentou o golpe de Estado contra o governo de Carlos Andrés Pérez. O golpe foi derrotado por um Exército constitucionalista que enviou Chávez ao cárcere do qual, dois anos depois, num gesto irresponsável que custaria caríssimo a seu povo, o presidente Rafael Caldera o tirou anistiando-o.

Essa democracia imperfeita, perdulária e bastante corrompida, havia frustrado profundamente os venezuelanos que, por isso, abriram seu coração aos cantos de sereia do militar golpista, algo que ocorreu, por desgraça, muitas vezes na América Latina.

Quando o impacto emocional de sua morte se atenuar, a grande tarefa da aliança opositora presidida por Henrique Capriles será persuadir esse povo de que a democracia futura da Venezuela terá se livrado dessas taras que a arruinaram e terá aproveitado a lição para depurar-se dos tráficos mercantilistas, do rentismo, dos privilégios e desperdícios que a debilitaram e tornaram tão impopular.

A democracia do futuro acabará com os abusos de poder, restabelecendo a legalidade, restaurando a independência do Judiciário que o chavismo aniquilou, acabando com essa burocracia política mastodôntica que levou à ruína as empresas públicas. Com isso, se produzirá um clima estimulante para a criação de riqueza no qual empresários possam trabalhar e investidores, investir, de modo que regressem à Venezuela os capitais que fugiram e a liberdade volte a ser a senha e contrassenha da vida política, social e cultural do país do qual há dois séculos saíram tantos milhares de homens para derramar seu sangue pela independência da América Latina.


MARIO VARGAS LLOSA - Estadão
TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
domingo, 10 de março de 2013 | By: Vânia Santana

Ministros demitidos estão de volta da 'faxina ética' de Dilma



Um ano e meio depois da faxina promovida pela presidente Dilma Rousseff no primeiro escalão do governo, em resposta à crise ética gerada pelas suspeitas de irregularidades em vários ministérios, dois dos sete ministros que caíram estão sendo reabilitados pelo Palácio do Planalto: os presidentes do PR, senador Alfredo Nascimento, e do PDT, Carlos Lupi. Eles foram chamados pela presidente para discutir a prometida reforma ministerial, que será feita para garantir o apoio de todos os partidos da coalizão governista à reeleição, ano que vem.

Dos processos abertos contra os ministros que deixaram o governo em 2011, acusados de irregularidades, poucos andaram. Afora censuras e advertências sem efeito prático na vida pública dos acusados, não houve punições. Alguns inquéritos se arrastam na Justiça.

Além de Nascimento e Lupi, perderam o cargo sob suspeita ao longo de 2011 os ex-ministros Antonio Palocci (Fazenda), Wagner Rossi (Agricultura), Orlando Silva (Esporte), Pedro Novais (Turismo) e Mário Negromonte (Cidades). Todos voltaram à vida política ou empresarial. Como Palocci, que retomou com força sua atividade de consultor — motivo da demissão —, assumindo recentemente um trabalho para o grupo CAOA, que controla a Hyundai no Brasil.

Mas o ex-todo poderoso ministro do governo petista não tem mantido atuação político-partidária. Deputados petistas, inclusive os paulistas, afirmam que nunca mais falaram com Palocci. Ele tem se mantido tão distante da política que sequer apareceu para votar na eleição de Ribeirão Preto, no ano passado.

Outro que também está sumido da política é o peemedebista Wagner Rossi, que optou por uma discreta passagem na convenção nacional do PMDB que reelegeu Michel Temer, no fim de semana passado. Na Câmara, Negromonte e Novais mergulharam no ostracismo e se escondem na multidão de 513 parlamentares. Orlando Silva continua na política, como vereador em São Paulo pelo PCdoB. Quem conseguiu se recolocar na órbita de Dilma deve essa retomada ao poder que exerce em seus partidos.

— Acho que a presidente sentiu saudade de mim. O partido teve muita resistência à forma como foi conduzida (a minha sucessão), se sentiu desprestigiado. Agora voltamos a conversar. A presidente está mais solta, mais destravada, mais politizada — contou Alfredo Nascimento, que já esteve com Dilma três vezes este ano.

— A presidente quer uma aproximação maior da bancada do PDT, falou da nossa história comum — confirma Lupi, que responde ação civil pública por improbidade administrativa por ter pego carona no avião de um empresário com negócios no ministério. — Daquilo tudo, o que ficou foi o “eu te amo Dilma”. Muitos me encontram na rua e gritam “eu também te amo”.

Contra Negromonte e Orlando Silva investigações da Comissão de Ética foram arquivadas por falta de provas.

— Eu me sinto injustiçado porque sei que não há nada contra mim — disse Orlando

— Mantenho minha atuação como parlamentar, mas estou desencantado. Vasculharam tudo, fizeram papel de FBI e não encontraram nada — disse Negromonte.


CATARINA ALENCASTRO E ISABEL BRAGA - O Globo

sábado, 9 de março de 2013 | By: Vânia Santana

Hugo Chávez, já houve embalsamamento ou tanatopraxia?



Apesar do anúncio feito pelo presidente interino da Venezuela, Nicolas Maduro, sobre embalsamar o corpo de Hugo Chávez, dificilmente é possível que seu corpo já não tenha passado pelo  processo de embalsamamento ou tanatopraxia.

Depois de 24 horas, o sangue coagula, o que torna muito difícil injetar o líquido usado para este processo (formol), pois o mesmo precisa passar pelas artérias. Após 36 horas, o corpo entra em estado de decomposição. O embalsamamento deve ocorrer até no máximo 12 horas após a morte de uma pessoa, e leva de 6 a 12 horas o processo.
A morte de Chávez foi anunciada como ocorrida às 16:25h de Caracas (17:55h no fuso do Brasil), na terça feira, 05 de março. Chávez passou por um tratamento de câncer terminal, quimioterapia, por cirurgia, soro, infecção pulmonar, e seu “corpo” seguiu em cortejo em caixão, exposto sob o calor, em Caracas. Sob estas condições, e passado este tempo, se houver possibilidade de embalsamamento, o processo em Chávez levaria semanas para ser concluído.
Tenho pra mim, que o caixão exposto no cortejo não tinha o corpo de Chavez, que poderia estar sendo preparado para o velório (embalsamamento). Isto levando em consideração, que sua morte já não houvesse ocorrido em Cuba. Tive a informação de um venezuelano, que Chávez nunca esteve no Hospital de Base, e que sua família também não estava em Caracas. Enfim, talvez a verdade fique ainda oculta, mas sabemos que a mentira não dura para sempre.

Existem determinações legais que obrigam o embalsamamento ou tanatopraxia para traslados de corpos, além dos velórios prolongados.
Personagens como a princesa Diana, o presidente dos EUA, Abraham Lincoln, Evita Perón, Papas (Papa João Paulo II passou pelo processo de Tanatopraxia), foram embalsamados. Aqui no Brasil, Celso Daniel,  Ruth Cardoso, Paulo Autran, Nair Bello, José de Alencar, Antonio Carlos Magalhães e Oscar Niemeyer também passaram pelo embalsamamento, antes de serem enterrados ou cremados.
No caso de líderes comunistas embalsamados e expostos em urnas de vidro pela eternidade, a “embalagem à vácuo” das urnas impede a proliferação de fungos e bactérias, que deteriorariam os corpos.
Também é necessário o tratamento nas almofadas das urnas mortuárias.

Conheça a diferença entre embalsamamento e tanatopraxia:
Embalsamar é a arte de preservar um corpo por um longo período para velórios com mais de 24 horas de duração. Embalsamamento é o nome dado ao tratamento de um corpo morto para esterilizá-lo ou protegê-lo da decomposição. Sua técnica, originada dos egípcios, utiliza a retirada de órgãos e a inserção de fluídos embalsamadores. Atualmente, a retirada dos órgãos não é mais permitida, devido a processos judiciais sobre a morte. Neste caso, os órgãos são colocados em formol, e depois reinseridos ao local. O embalsamamento é obrigatório para viagens aéreas nacionais e internacionais. Para realizar o traslado, é necessário apresentar o termo de embalsamamento. Para o Consulado Holandês e Italiano, é também obrigatório a apresentação de atestado de doença não infecto-contagiosa.

A Tanatopraxia, nada mais é do que a denominação empregada para a técnica de preparação de corpos humanos, vitimados das mais variadas formas de óbito. Corresponde à aplicação de produtos químicos em corpos falecidos, visando a sua desinfecção e o retardamento do processo biológico de decomposição, permitindo a apresentação dos mesmos em melhores condições para o velório. Diferente do embalsamamento, essa técnica não utiliza formol ou realiza a retirada de qualquer órgão.
Seu princípio está na aplicação de um líquido conservante e desinfetante, que devolve a aparência natural do corpo, evitando extravasamento de líquidos, inchaço e garantindo um aspecto semelhante ao que apresentava em vida. Tem por objetivo, ainda, evitar a propagação de moléstias contagiosas e doenças para a comunidade, visto que com essa preparação o corpo recebe um tratamento especial com substâncias germicidas.

As diferenças fundamentais existentes entre Embalsamamento e Tanatopraxia são de: (1) ausência de evisceração (as vísceras são mantidas nas próprias cavidades), (2) metodologia (utilização de equipamentos modernos apropriados para injeção e aspiração) e (3) diferentes produtos químicos (testados cientificamente) empregados neste último processo.

Através da tanatopraxia, é possível realizar a restauração facial e do corpo em caso de acidente; permitir que a família possa permanecer mais tempo no velório; ou mesmo para que o corpo possa ser transportado a grandes distâncias para o enterro, bem como para cumprir com as determinações legais para o traslado.
O importante benefício social com a aplicação desta metodologia pode ser observado entre os tempos onde não se praticava a tanatopraxia e os dias de hoje. Na grande maioria das vezes, pode-se atender às necessidades dos familiares, como a preservação por um tempo mais prolongado de velório, em condições ambientais normais, sem a necessidade de um sistema de refrigeração.

O tempo mínimo para a preparação de um corpo com “causas mortis” natural varia de 60 a 90 minutos, dependendo de fatores intrínsecos e extrínsecos que acometeram o corpo, ou seja: aonde, como e quando aconteceu o óbito. Estas e outras variáveis existentes determinam o tempo de preparação, que pode se estender a aproximadamente 4 (quatro) horas para o completo processo de preservação corporal.

Níveis de Tanatopraxia:

Nível 1: recomendada para corpos que serão velados por até 12 horas;
Nível 2: recomendada para corpos que serão velados por até 24 horas e traslados intermunicipais;
Nível 3: recomendada para corpos necropsiados (IML) e para traslados interestaduais.
sexta-feira, 8 de março de 2013 | By: Vânia Santana

Foro de São Paulo - A aliança anti-democracia



Como já observou Sertillanges, “a vida moral é uma arquitetura cujos materiais são os acontecimentos cotidianos. Com os mesmos materiais, pode-se construir uma choça, uma taverna ou um templo”.
Li de Diógenes, um filosofo grego, a seguinte sentença: “Em todas as coisas, considera o fim”.

Quando aplicamos isto na política, pode-se observar que é o passado e a soma das atitudes ao longo de uma carreira construída,  que nos dá a base para o julgamento dos resultados, a qual finalidade se encaminhou. Temos vários exemplos na história, de líderes políticos, carismáticos ou não, que tomaram várias atitudes durante toda sua vida, visando chegar ao seu objetivo. Alguns progrediram até uma altura incomensurável, outros regrediram até uma baixeza inominável.

Mas por que comecei este texto, falando sobre isso? Porque hoje quero apresentar para vocês, uma compilação (é longa, mas esclarecedora) que fiz em pesquisa para entender os objetivos dos chamados governos populistas e socialistas de esquerda. Claro que os personagens deste texto serão Chávez, Fidel, Lula e Dilma, principais e atuais precursores e adeptos defensores do socialismo na América Latina.

É importante, primeiramente, que saibam: existe um encontro de representantes de partidos políticos e de organizações não governamentais de esquerda da América Latina e Caribe. Este encontro chama-se Foro de São Paulo. O Forum foi criado em 1990 pelo Partido dos Trabalhadores, em São Paulo, onde a reunião se realizou pela primeira vez. Desde então, o FSP tem acontecido a cada um ou dois anos, em diferentes cidades dos países participantes. São eles: Argentina, Barbados, Belize, Bolívia, Brasil, Cuba, Dominica, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Nicarágua, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Em vermelho na imagem abaixo:



A ideia do Foro de São Paulo surgiu em julho de 1990, durante uma visita feita por Fidel Castro a Lula, ex-presidente do Brasil em São Bernardo do Campo. Foi formalizada quando 48 organizações, partidos e frentes de esquerda da América Latina e do Caribe, atendendo a convite do Partido dos Trabalhadores, reuniram-se na cidade de São Paulo visando debater a nova conjuntura internacional pós-queda do Muro de Berlim (1989). Com objetivo também de elaborar estratégias para fazer face ao embargo dos Estados Unidos a Cuba e unir as forças de esquerda latino-americanas no debate das consequências da adoção de políticas supostamente neoliberais pela maioria dos governos latino-americanos da época.
Fazem parte do Foro de São Paulo, além de organizações, como as FARC, os Partidos Comunistas e Socialistas de todos os países citados, e no Brasil, o PT, o PCdoB, o PDT, o PSB, e o PCB.

A imprensa brasileira, se cala sobre a existência do Foro. Mas enquanto não censuram a internet de vez, veja o vídeo:



E para os críticos da revista Veja, que dirão que o vídeo acima é montagem da revista golpista, podem ver este:





Uma vez, Boris Casoy, em entrevista a Lula, perguntou a ele: “Fala-se sobre uma aliança, um eixo, sobre Chávez, Fidel e Lula. É verdade isso?” Lula negou, (claro, e falou que era piada) e o ‘aconselhou’ a não repetir isso no vídeo. Boris Casoy foi demitido da Record, logo em seguida. Veja isso, e mais:





Agora, o mais assustador, e que talvez o mais esclarecedor, de tudo que encontrei, (no blog Nota Latina) foi esta ‘suposta’ carta, de Fidel a Chávez, que a transcrevo abaixo com tradução de G.Salgueiro, e que foi lida em um programa de rádio de Caracas, ouça clicando aqui: RCTV.

Na carta, Fidel ensina a Chávez como conduzir o processo revolucionário, em 3 etapas:

Primeira Etapa
“Os pobres são maioria e têm pouca memória. Injeta-lhes esperança e acusa o passado, à Democracia de todos os seus males. Mantém-te em linha permanente com teu povo. Identifica-te com eles. Teu verbo tem de ser simples; isso lhes chega muito bem, pois tens o tempero que faz falta. Emociona-os, leva-os em consideração. Aprende a manipular a ignorância. O verbo deve ser inflamado, de autoridade e poder; não te preocupes com os ricos e a classe média, [pois] não são mais que 80% de pobres o que tu necessitas. Os ricos saem correndo se lhes fazes "Buu!!!"
Os católicos adoram menções da Bíblia ou de Cristo. Os católicos, em que pese ser a grande maioria na Venezuela, não fazem nada. Rezar, sem ações, não vão chegar a parte alguma; são uns bobalhões. Enquanto a igreja está adormecida, aproveita. Quando decidirem mover-se, já estarás instalado. Lembra que a igreja é “escorregadia”. Segue fustigando. Os católicos sem liderança não são ninguém. Nenhum padreco vai reagir. Há dois ou três que querem rebelar-se, porém seus superiores os encurralam. Se vês um sacerdote católico alvoroçado, compra-o, chama-o, ganha-o para ti; se o povo cristão se te rebela, esse será teu último dia... porém, dificilmente esse dia virá. Os judeus na Venezuela não contam, os Evangélicos são uns pobres coitados e as demais religiões para que nomeá-las? Cita o Cristo, sempre, fala em seu nome, lembra que isto a mim me deu excelentes resultados.
Inclui bandeiras e Simón Bolívar quando possas. Gera um novo nacionalismo. Desperta o ódio, divide os venezuelanos. Esta etapa te dará bons dividendos... Se eliminarão uns aos outros, a violência te ajudará também a instalar-te mais tarde à força. Entretanto, fale-lhes de Democracia. Tens dinheiro, compra a fidelidade enquanto cumpres os teus objetivos. Quando consegues o que queres se se opõem ou te aconselham, despreza-os. Envia-os a embaixadas, dá-lhes dinheiro para que se calem ou tira-os do país para que a imprensa não os utilize. Os que se oponham “planta-lhes” delitos; isso desqualifica para sempre. Por todos os meios mantém maioria na Assembléia. Mantém a teu lado no mínimo a Procuradoria e o Tribunal. Compre todos os militares com comando de tropa e equipamentos. Põe-os onde há bastante dinheiro. Compra banqueiros. Grandes comerciantes e construtores. Dá-lhes contratos, trabalhos e facilidades para esta primeira etapa.
Segunda Etapa
Para a segunda etapa tens que haver formado Comitês de Defesa sa Revolução que os podes chamar de “Bolivarianos”. Faz trabalho comunitário com eles para que te defendam agradecidos. Paga-lhes para que sigam teus alinhamentos (marchas, concentrações). Dos comitês seleciona os mais agressivos para uma força de choque armada que podem necessitar se a coisa se põe difícil. Controla a Polícia, destrói-a. Ponha-na à tua disposição. Na segunda etapa tens que aprofundar a visão da Revolução. Deve-se mencionar muito a palavra revolução. Isto emociona os pobres.
Aqui tens que fraturar as uniões de trabalhadores e de empresários que podem fazer oposição. Aqui temos que conseguir com que os trabalhadores estejam filiados a uma central paralela. Com dinheiro se consegue. Do mesmo modo, tens que armar uma central de empresários paralela. Ataca os empresários. Acusa-os de famintos, fascistas e particularmente acusa-os de golpistas; faz-te de fraco.
A mente dos homens se situa no mais fraco e na injustiça. Se não o podes comprá-los, fecha os meios de comunicação radial, impressos e televisoras. Tua empresa de petróleo é quem te produz o dinheiro do projeto. Põe uma Junta Diretora Revolucionária. Demite os técnicos e acaba com essa chamada meritocracia.
Terceira Etapa
Se tens tudo nesta etapa podes seguir para a terceira. Na terceira etapa podes violar a Constituição porque ninguém vai te impedir. Ordena invasões. Distribui armas, drogas e dinheiro. Acusa-os de espiões e corruptos. Desprestigia-os. Prende muitos jornalistas, empresários, líderes trabalhistas. Os demais escaparão do país ou serão punidos.
Reestrutura o Gabinete. Aqui podes desfazer-te de teus colaboradores. A alguns podes premiá-los e outros desprezá-los pois já não há oposição. Tens que pôr camaradas. Estabelece o chamado constitucionalmente. Estado de Exceção; Suspende garantias. Lança o toque de recolher. Apura-te, olha se o povo te está achando excelente. Fecha todos os meios de comunicação. Destrói Prefeitos e Governadores da oposição.
Anuncia a reestruturação de todas as áreas do Estado e a elaboração de uma nova Constituição. Forma um Conselho de Governo com 500 membros. No Conselho Assessor do Governo estarei eu. Há que fuzilar os opositores que não aprendem. Isso é a única coisa que os silencia e é mais econômico.
Nunca deixes que se organizem, nem deixes que conheçam tuas intenções. Seremos respeitados novamente com o Marxismo-Leninismo. Brasil, Equador, Venezuela e Cuba a passos indestrutíveis. Se vejo que não tens colhões, recolho todo o meu pessoal; podem me matar os militares, quando se te ergam, se não me fazes caso. Que estás esperando, Hugo?”


Percebem alguma semelhança?


Neste vídeo você pode ver os discursos de Lula e Dilma, no Foro de São Paulo. E como ele diz tudo, termino o texto por aqui, e que os leitores tirem suas conclusões.






quinta-feira, 7 de março de 2013 | By: Vânia Santana

Dilma e PT, o milagre dos manipuladores da ilusão



O Brasil já se encontra em campanha eleitoral 2014, plena, explícita e obviamente inconstitucional, em pleno início do ano de 2013, quando sequer foram cumpridas promessas de campanha anteriores. Enquanto os críticos do governo, são chamados pela presidente de “manipuladores do pessimismo”, o partido governista continua arduamente a tarefa de “manipuladores da ilusão”, onde discursar sobre o fim da miséria, colocando inclusive data para isso, certamente garante que ela deixará de existir.
O passado, mesmo que recente, certamente não influencia no governo petista, cuja visão, parece ser focada apenas nos anos pares de eleições. Esquecem as próprias dívidas assumidas em campanha, tanto na era Lula, como por exemplo, a Transposição do São Francisco ( que segundo ele, seria entregue em 2012, e agora adiadas para 2015), como outras promessas da era Dilma, como aquela de entregar 6000 creches e dois anos depois, ter entregue somente 6 delas até dezembro de 2012.

Quiséramos ver os governantes “fazer o diabo” para cumprir seu mandato e suas promessas, e não “fazer o diabo” para vencer eleições. (Sim, Dilma disse que 'faz o diabo' nas eleições)

Dilma se aprimora cada vez mais, em suas ‘pérolas’. Ontem foi a vez desta aqui:

"Todo mundo acha que o Bolsa Família a gente faz na canetada. O Bolsa Família precisou de arte e engenho. Precisou de vontade política.
Só uma experiência de dez anos permitiu que a gente olhasse e visse que dava para tirar (brasileiros da miséria), porque tínhamos um cadastro adequado, um cartão. Não é milagre, não é malabarismo, nem estatística. Nós colocamos hoje todos os 36 milhões de brasileiros do cadastro do Bolsa Família acima da linha da miséria".

Na semana passada, Dilma disse que foi o governo petista que criou o Cadastro Único.

Não há constrangimento algum, em distorcer a percepção do eleitorado, mas tenho pra mim, que Dilma sabe, tão bem quanto Lula, que se não houvesse a estrutura monetária realizada no governo anterior, mesmo tendo sido o PT contra ela, não haveria sequer dinheiro para o programa Bolsa Família.

Sem entrar no mérito da questão, dos que aprovam ou não o programa, vamos aos fatos, e os fatos mostram a impostura da presidente Dilma, que desapropria os méritos anteriores.


Fato 1 – O que Lula dizia sobre o Bolsa Família:




Os fatos seguintes estão documentados. Clique sobre os grifos (em laranja) para ver a íntegra, e sobre as imagens para aumentá-las:


Fato 2-  Decreto 3769 –08 de Março de 2001 – Projeto Alvorada – Estabelece diretrizes de execução de projetos voltados para a área social





Fato 3 – Lei 10.219 – 11 de Abril de 2001 – Cria o Programa Nacional de Renda Mínima Vinculada a Educação “Bolsa Escola”




Fato 4 – Lei complementar 111 – 06 de julho de 2001 – Dispõe sobre o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza


Fato 5 – Medida Provisória 2.206-1 – 06 de Setembro de 2001 – Cria o Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde – “Bolsa Alimentação”





Fato 6 – Rede de Proteção SocialA Rede de Proteção Social buscou proporcionar uma melhor redistribuição da renda, a partir de uma atenção maior às pessoas mais carentes e às suas desigualdades no escopo de retirá-las da exclusão. Doze programas integram a Rede:



Fato 07 – Cartão Cidadão - Para ter acesso aos benefícios dos programas criou-se, durante o governo de FHC, o Cartão Cidadão, uma espécie de RG, obtido a partir do cadastro do cidadão a ser beneficiado, junto à prefeitura de seu município, conforme este atenda aos requisitos de cada programa. Posteriormente,  o Cartão Cidadão passou a ser denominado por Cadastro Único.
A liberação do benefício não era discricionária, mas sim vinculada aos requisitos de cada programa em específico.
Os pagamentos são feitos até hoje pela CEF, por intermédio do cartão, que funciona como um cartão de débito comum, e a transparência das transações é condição imperativa.




Para encerrar o texto, este vídeo de entrevista à FHC, é um resumo e bastante esclarecedor, e não deixa de dar os créditos a quem merece:




Seria bom se Dilma também tivesse vontade política para cumprir suas promessas de campanha, ao invés de fazer campanha antecipada, com conquistas alheias e com dinheiro público. E se quer ter algum mérito sobre o Bolsa Família, que tal começar a ampliar o programa, vinculando-o (e fiscalizando-o) sobre cursos de capacitação profissional aos adultos, para que realmente possamos comemorar o fim da miséria, de verdade, com a inclusão destas pessoas na atividade econômica do país? Comemorar o fim da miséria Dilma, é constatar a diminuição dos cadastrados no programa, e não o aumento da distribuição do benefício.