sábado, 19 de janeiro de 2013 | By: Vânia Santana

Um olhar sobre os índices do Brasil



Embora com um crescimento econômico que levou o país, e principalmente os governistas a comemorem entusiasmados o avanço na posição mundial sobre a Inglaterra, ficando em 6º lugar na economia mundial, os ânimos já não estão mais acirrados em Pindorama. O Brasil teve um humilde crescimento no PIB (0,4%) em 2012, e apesar de Dilma ir à Europa para ensinar o primeiro mundo como se pode obter uma economia bem sucedida, a Inglaterra voltou a 6ª posição no ranking, com 0,5%, uma diferença de cerca de US$ 198 bilhões  mesmo com a crise européia e mundial.

Mesmo em 7º lugar na economia do mundo, o país não tem muito a comemorar. Ocupa a 84ª posição no ranking mundial do IDH 2011 (Índice de Desenvolvimento Humano) entre 187 países. O índice é usado como referência da qualidade de vida e desenvolvimento sem se prender apenas em índices econômicos. O país com índice mais alto no IDH é a Noruega. Na América Latina, o Brasil ocupa a 20ª posição.
Já o relatório da ONU-Habitat, indica que o Brasil é o quarto país com mais desigualdades na América Latina. O relatório traz dados sobre distribuição e renda.

O Brasil também perde para a maioria dos países na América Latina, na questão da pobreza. Apesar de nas últimas duas décadas, ter reduzido o indice pela metade, 22% da população ainda vive em situação de pobreza ou indigência, percentual maior do que no Uruguai, na Argentina, no Chile e no Peru. Costa Rica e Panamá também ficam a frente do Brasil, com menores percentuais na Taxa de Pobreza Urbana. O Chile foi o grande campeão no combate à pobreza, com redução de 70% - no mesmo período, entre 1990 e 2009.

O estudo da ONU-Habitat mostra que o Brasil é apenas a 19ª nação da América Latina em atendimento de saneamento básico.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, novos números do saneamento básico no Brasil. De 2009 a 2011, a expansão da coleta de esgoto cresceu apenas 3%. Ainda de acordo com a pesquisa, cerca de 40% das residências brasileiras não estão conectadas à rede coletora de esgoto (quase metade da população brasileira)  e apenas 38% desse esgoto recebe algum tipo de tratamento. Isso significa que são jogados, diariamente, 15 bilhões de litros de esgoto na natureza.
A questão de saneamento básico, não se aplica somente a redes de esgotos sanitários. Envolve distribuição de água, racionamento. Envolve manejo dos resíduos sólidos e inundações.



O investimento em saneamento básico é fundamental para que a saúde e a qualidade de vida da população melhorem significativamente. Fica claro pra qualquer leigo, e parece que menos para os governantes, que dinheiro investido em saneamento, reduz dinheiro investido em saúde pública.

O IBGE também divulgou, que 11.425.644 de pessoas, ou seja 6% da população brasileira, vive em favelas. O equivalente a população de Portugal, e 3 vezes do Uruguai. O último levantamento, há cerca de 20 anos, mostra que o número de pessoas moradoras em favelas, dobrou. Em 1991, 4,48 milhões de pessoas (3,1% da população) viviam em assentamentos irregulares, número que aumentou para 6,53 milhões (3,9%) no Censo de 2000. O IBGE designa locais como favelas, invasões e comunidades com, no mínimo, 51 domicílios. Ou seja, este número tende a ser bem maior, já que estas aglomerações fora deste padrão não foram analisadas.


                                          Favela da Rocinha (Foto: Veja/Ricardo Setti)

O Rio de Janeiro é a cidade com mais moradores de favelas no país. Possui 763 delas. De cada 100 mil moradores, 22.160 estão nas favelas. A maior delas, a Rocinha,  com 69.161 pessoas. Quando a comparação é proporcional ao número de habitantes do Estado, porém, perde para o Pará (77% da população vive em favelas) Belém (54,4%) e Salvador (33,07%). Outro dado que o IBGE revelou, é de que 74% dos moradores das favelas cariocas, vivem com um salário mínimo.


Um país só pode comemorar seu crescimento econômico, se puder comemorar com ele seu desenvolvimento. Um bom começo seria avaliar as políticas de transferência de renda e verificar se apenas essas ações realmente estão mudando a vida da população mais necessitada.



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